quinta-feira, 11 de abril de 2013

A INDIGNAÇÃO DE FRANÇOIS HOLLANDE

////////// Embora eu disponha do estatuto de bi-nacional e tenha tido a possibilidade de votar nas últimas eleições presidenciais francesas, confeso que não o fiz. Cá por coisas... Assim, nada devo, pois, a François Hollande -o actual Presidente da República- nem aos seus opositores. Que, nestas circunstâncias, também nada me devem, como é óbvio. Mas confesso que o homem que hoje preside aos destinos desse grande e generoso país que é a França, ganhou a minha estima, quando ontem reagiu (mais uma vez) ao escândalo provocado pelo seu ex-ministro do Orçamento -Jérôme Cahuzac- que o traíu,  a ele e a todos os Franceses, ao esquecer dizer-lhes (quando assumiu as suas funções) que era detentor de volumosas contas na permissiva e secreta banca helvética. Para não pagar os devidos impostos, onde e quando devia. No seu discurso de 10 do corrente, Hollande disse em relação ao assunto : «Serei implacável, porque fui eleito com base na vontade de uma República exemplar e acreditem que fiquei ferido, chocado, destroçado, pelo que ocorreu; que foi contra todas as minhas concepções pessoais, contra as minhas exigências políticas e contra os meus compromissos». E eu acredito que ele é sincero. Até porque tomou imediatamente medidas que vão ao encontro das suas promessas de dignificação dos cargos públicos de alto escalão, obrigando os seus detentores a declararem, sistematicamente e desde agora, todo o seu património. Eles e os seus cônjuges. Propôs também que se criasse, imediatamente, um tribunal independente para julgar os políticos nos casos de corrupção e fraude. E, enfim, sugeriu acaloradamente que, uma vez por todas, se acabe com a ignomínia dos paraísos fiscais. Ameaçando até os países europeus (mas não só) que persistem na protecção desse sistema injusto, que empobrece as nações em benefício do gangsterismo fiscal. Vítima de grande impopularidade, em França, por não ter podido satisfazer num ano aquilo que prometera realizar no quinquenato, François Hollande merece, repito, o meu respeito. Embora eu nunca tenha votado no seu partido. Salvo aquando das eleições que, em em Maio de 1981, levaram Mitterrand à presidência. E isso, por razões que, ao tempo, me pareceram óbvias.

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