sexta-feira, 26 de agosto de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (67)


«O GRANDE COMBATE»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Cheyenne Autumn»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : John Ford
Ano de estreia : 1964
Guião : James R. Webb
Fotografia (c) : William H. Clothier
Música : Alex North
Montagem : Otho Lovering
Produção : Bernard Smith
Distribuição : Warner Bros.
Duração : 170 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Richard Widmark …………………………………………….. capitão Thomas Archer
Carroll Baker …………………………………………………….. Deborah Wright
Karl Malden ……………………………………………………….. capitão Wessels
Sal Mineo ……………………………………………………………. Red Shirt
Dolores del Río ………………………………………………….. Spanish Woman
Ricardo Montalban ……………………………………………. Little Wolf
Gilbert Roland ……………………………………………………. Dull Knife
James Stewart ………………………………………………….. Wyatt Earp
Arthur Kennedy …………………………………………….….. Doc Hollyday
Patrick Wayne ………………………………………………….. alferes Scott
John Carradine …………………………………………………. Major Jeff Blair
Edward G. Robinson ………………………………………….. secretário de estado Schurz

SINOPSE
Território do Oklahoma, em 1878. Concentrados numa reserva semidesértica, situada a mais de 2 000 km de distância do seu rincão natal, os 286 sobreviventes da tribo Cheyenne do chefe Tall Tree esperam, apreensivos, pela visita de uma comissão de parlamentares, que deverá inteirar-se das suas precárias condições de existência e decidir da sua sorte.
Mas, indiferentes à vida vegetativa e indigna que os Cheyennes suportam naquele inferno de areias escaldantes e estéreis, os membros do Congresso brilham pela sua ausência. Depois da morte da morte do velho chefe, as responsabilidades de presidir aos destinos da tribo são confiadas a Little Wolf; que, uma noite, toma a decisão de abandonar clandestinamente, à frente do seu povo, a reserva e de tomar a direcção do noroeste, rumo à terra de origem dos Cheyennes, região onde a erva é sempre verde. Com os fugitivos viaja uma jovem missionária quaker, Deborah Wright, alfabetizadora das crianças da comunidade e fervente defensora da causa dos ameríndios.
No encalço do povo de Little Wolf vai lançar-se uma unidade de cavalaria sob o mando do capitão Tom Archer. Um militar desejoso de cumprir o seu dever de soldado, mas que deseja, ao mesmo tempo, alcançar Deborah, mulher pela qual ele está enamorado e que pretende demover de partilhar o irrealizável sonho libertário dos Cheyennes, etnia que ele sabe ter os seus dias contados.
Os combates entre os militares e os pele-vermelhas estalam e tornam-se o principal assunto de interesse da imprensa do país, que, na sua quase generalidade, levanta a opinião pública contra os fugitivos e contra as parcas pessoas que, nos Estados Unidos da América, ousam tomar a defesa dos perseguidos e clamar por mais justiça a favor de uma comunidade que apenas pretende viver em paz na terra dos seus antepassados.
Depois da cisão dos Cheyennes em dois grupos –um mais radical, que decide prosseguir o seu combate contra a cavalaria e morrer, se necessário, lutando pelos seus direitos e liberdades, e outro que, mais sensível ao sofrimento dos anciãos, das mulheres e das crianças, aceita render-se às autoridades de Forte Robinson- a sorte da tribo parece encaminhar-se para um desfecho trágico e definitivo.
Mas a intervenção do capitão Archer junto do Secretário de Estado do Interior Carl Schurz (que também assume, em Washington, a responsabilidade dos Assuntos Índios) e a sensibilidade deste membro do governo para o drama dos últimos Cheyennes, acaba por salvar «o povo dos verdadeiros homens». Que pode, assim, regressar livre ao território do Wyoming, de onde ele havia sido violentamente desenraizado, depois da derrota militar sofrida diante das tropas do general Miles.

O MEU COMENTÁRIO
Derradeiro western de mestre John Ford, «O Grande Combate» inspirou-se num romance de Mari Sandoz («Cheyenne Autumn»), que relata algumas peripécias dramáticas -e bem reais- da História desse corajoso povo de caçadores e guerreiros da Grande Pradaria.
Os membros da nação Cheyenne –uma das que maiores e mais vis represálias sofreu por parte do exército e da administração dos E.U.A., na sequência das chamadas Guerras Índias- eram tão raros em meados da década de 60 do século XX, que não foi possível à produção de «O Grande Combate» reunir um número suficiente e figurantes procedentes desse grupo étnico. Assim, grande parte dos ameríndios que vemos nesta fita foi recrutada na reserva navajo de Monument Valley, entre gente que já se habituara a trabalhar com o realizador John Ford.
O ilustre cineasta norte-americano (com raízes irlandesas) apreciava a dignidade destes povos do Novo Mundo que, no século XIX, viviam do mesmo modo (ou quase) que os europeus da Idade da Pedra. E que, face a um exército ianque profissionalizado e à sua moderna tecnologia (em matéria de armamento) pouco mais tinham a opor do que a sua extrema coragem e do que a força moral que lhe conferia a causa da defesa dos seus territórios ancestrais e do seu secular modo de vida. «O Grande Combate» é, pois e assim, um filme-homenagem do grande mágico do cinema western àqueles que, durante tanto tempo, foram maltratados por Hollywood, que os reduziu à condição de uma sub-humanidade que, nas pantalhas, apenas servia para colocar em valor a vitalidade, a valentia e outras virtudes (reais ou inventadas) do homem branco.
Sem ser uma das melhoras fitas do género dirigidas por John Ford (longe disso !), «O Grande Combate» é, no entanto, uma das suas películas mais emocionantes, mais autênticas, mas também mais amargas. A fita, que conta com um punhado de bons e conhecidos actores, deve também muito do seu sucesso ao trabalho desenvolvido por Richard Widmark e pelos seus pares.
Para finalizar estas linhas, quero dizer que não apreciei muito aquele ‘intermezzo’ que, despropositadamente, quebra (penso eu) o ritmo dramático da fita, para desviar a atenção dos espectadores para um episódio em que intervêm as mitificadas e inoportunas figuras de Wyatt Earp e de Doc Holliday. Mas a produção lá saberá o porquê dessa incongruência…

(M.M.S.)


Cartaz francês


Deborah Wright (Carroll Baker), uma jovem missionária quaker, acompanha os Cheyennes pelas duras e dolorosas rotas do exílio


Cartaz espanhol


Tom, o militar, e Deborah (a missionária) amam-se, mas os seus caminhos são antagónicos...


Cartaz belga


Deborah Wright (Carroll Baker), Spanish Woman (Dolores del Rio) e Little Wolf (Ricardo Montalban) conversam sobre a situação complicada que aflige a tribo...


Cartaz polaco


O capitão de cavalaria Thomas Archer (Richard Widmark, à direita) encontra-se dividido entre o cumprimento do dever e a a causa da justiça, que está do lado dos índios


Cartaz alemão


O consagrado actor James Stewart (em 1º plano, à esquerda) representa aqui o desnecessário papel de Wyatt Earp


Cartaz italiano


Capa de DVD editado em França


Outro cartaz original



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