domingo, 11 de abril de 2010

OS FILMES DA MINHA VIDA (13)


(cartaz espanhol do filme «Sol e Touros». Repare-se no nome atribuído ao matador português e na referência a Amália, que na fita apenas canta um fado...)

«SOL E TOUROS»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Sol e Touros»
Origem : Portugal
Género : Drama
Realização : José Buchs
Ano de estreia : 1949
Guião : Edmundo Ferreira de Almeida e José Buchs
Fotografia (p/b) : Octávio Bobone e Francesco Izarelli
Música : Jaime Mendes
Montagem : Noémia Malveira
Produção : Edmundo Ferreira de Almeida
Distribuição : Exclusivos Triunfo
Duração : 90 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Manuel dos Santos ------------------------- Manuel da Cruz
Leonor Maia --------------------------------- Leonor Gama
Ana Paula Zeiger --------------------------- Maria Alice
Erico Braga --------------------------------- João Gama
Eulalia del Pino ------------------------------ Lola
Emílio Correia ------------------------------- o apoderado de Manuel
Eugénio Salvador ---------------------------- Francisco
Pedro Navarro ------------------------------- o maestro Carlos Alberto
Costinha ………………………………………………….……….. o tio de Manuel
Amália Rodrigues …………………………………………… ela própria
Fernanda Baptista …………………………………………. ela própria

SINOPSE
Manuel da Cruz, jovem aprendiz de correeiro, tem um sonho : ser matador de touros. É por isso que, ao cair da noite, ele penetra clandestinamente nos prados do rico ganadeiro João Gama, para ali afrontar (com a sua improvisada capa e com a sua valentia) os animais de raça que este cria para abrilhantar as corridas da fina flor do toureio nacional.
Depois de ter visto tourear Manuel e de se ter rendido à sua indiscutível habilidade, o ganadeiro decide apostar na formação do jovem, oferecendo-lhe a sua protecção e apadrinhando a sua entrada no mundo da tauromaquia.

Durante uma recepção em casa dos Gamas, Manuel (que é cortejado por Leonor, a elegante filha do ganadeiro) é apresentado a Maria Alice, uma bonita e prometedora cançonetista, também ela protegida por João Gama.
Depois de ter triunfado nalgumas praças portuguesas e de ter arrecadado fama e proveito com as suas corridas, Manuel sente-se encorajado a confessar o seu amor (que ele pensa ser partilhado) a Maria Alice. Mas, ao descobrir que o seu poderoso padrinho (um homem viúvo) está, também ele, enamorado da jovem, Manuel renuncia voluntariamente –e com grande mágoa- à sua paixão. E para tentar esquecer a mulher a quem entregara o seu coração, o matadoro aceita um convite para tourear demoradamente em Espanha, país onde já havia chegado a sua fama de ‘diestro’.
Ali, apesar de tentar distrair-se com o seu trabalho e de até ter encetado uma relação sentimental com a ‘cantante’ Lola, o toureiro nunca chegou a esquecer Maria Alice. E, um dia, depois de ter sido informado que o padrinho havia sido alvejado a tiro por um rival, Manuel decide bruscamente regressar a Portugal. O seu reencontro com João Gama tem o condão de clarificar as coisas, e de alertá-lo, de maneira inequívoca, para o facto de que Maria Alice também não o esquecera; e que até afastara dela todos os seus pretendentes (incluindo o padrinho), na esperança de ainda poder ser um dia a digna mulher do matador Manuel da Cruz…

O MEU COMENTÁRIO
Refira-se em abono da verdade, que «Sol e Touros» é uma fita sem grande relevo na filmografia nacional. É um puro produto comercial, que, em finais da década de 40, explorava o gosto acentuado de muitos portugueses pela chamada festa brava. E também pelo fado. Daí a presença das populares cantadeiras Amália Rodrigues e Fernanda Baptista, que, nesta película, se limitam a interpretar (cada uma por seu lado) um tema do seu próprio reportório.
«Sol e Touros» foi realizado por José Buchs (1893-1973), um cineasta natural de Santander, que é considerado um dos grandes nomes do cinema mudo espanhol. O evento do sonoro, ao qual ele nunca chegou a adaptar-se convenientemente, votou-o ao esquecimento, apesar de, nessa nova era do cinema, Buchs ainda ter dirigido uma boa quinzena de longas metragens. A sua obra-prima é, sem dúvida, «La Verbena de la Paloma», uma película datada de 1921.
O herói da fita é Manuel dos Santos, um dos dois primeiros portugueses a adquirir, oficialmente, o estatuto de matador de touros. Natural de Lisboa, cidade onde nasceu no ano de 1925, Manuel dos Santos foi criado na Golegã pelo seu avô Manuel dos Santos ‘Passarito’, um conhecido bandarilheiro dos anos 30 e 40 do século transacto. Depois de ter conseguido tirar a alternativa em Sevilha, em 1948, o matador Manuel dos Santos encetou uma brilhante carreira internacional, sendo até o toureiro mais solicitado (a nível mundial) da temporada de 1950. Retirou-se definitivamente das arenas em 1964, sem, todavia, abandonar os meios tauromáquicos, já que foi, sucessivamente, ganadeiro e empresário da praça do Campo Pequeno.
0 popular espada faleceu prematuramente em 18 de Fevereiro de 1973, na sequência de um desastre de automóvel ocorrido perto de Vendas Novas. Para perpetuar a sua recordação, a vila da Golegã erigiu-lhe uma estátua. Um pequeno museu instalado na Quinta da Guadalupe (propriedade dos herdeiros do famoso toureiro) conserva, também ele, recordações da sua vida e das suas lides.

(M.M.S.)


Leonor Maia


Manuel dos Santos, Erico Braga e Eulalia del Pino


Ana Paula Zeiger, Manuel dos Santos e Pedro Navarro

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