Quando eu era rapazote e vivia no Barreiro, ia semanalmente ao cinema. Às vezes até (excepcionalmente) duas ou três vezes. Os filmes que eu via eram projectados nas salas do Cinema Ginásio (vulgo cinema da Cuf), do Teatro-Cine Barreirense ou do Cinema Teatro dos Ferroviários, também chamado República pela população local. Havia ainda -na então chamada «Vila-Operária»- dois outros recintos onde era possível ver filmes, mas só na época estival : as esplanadas do Luso F. C. e dos Galitos da Telha; esta última situada na Quinta da Lomba, um bairro da periferia. O Barreiro também tinha, nessa altura, um reputado Cine-Clube, mas o dito (como aliás todos os seus congéneres do tempo) só funcionava ocasionalmente e com uma programação muito elitista. O que não era (nem é), naturalmente, um defeito.
Guardo boas recordações cinéfilas de todas estes recintos consagrados à difusão do meu espectáculo preferido. Que é também, ainda hoje, o passatempo de eleição de muitos milhões de pessoas no mundo inteiro.
Quando eu era miúdo, a ida ao cinema era sempre precedida por uma visita aos cartazes que promoviam os filmes a exibir nas diferentes salas. Depois de uma inspecção visual e interessada dos ditos, é que se fazia a escolha e se tentava arranjar a ‘massa’ necessária para os bilhetes. Que, quando eu tinha entre 13 e 18 anos de idade, custavam nos cinemas do Barreiro 3$50 (os mais baratos) ou 6$00, se se optava por um balcão do Cinema Ginásio, a melhor e mais confortável sala da localidade.
Tenho saudade desse tempo (pudera ! Era jovem) e do ambiente que se vivia em torno desse ritual, hoje desaparecido, de ir ao sonoro…
Para o recordar, aqui deixo os cartazes de um grande filme, que eu vi em finais desses longínquios anos 50 : «Ouvem-se Tambores ao Longe».
O filme em questão fora realizado em 1939 por John Ford (foi até a sua primeira fita colorida), mas, quinze anos após a sua estreia mundial, ainda era exibido nos cinemas de bairro ou em primeira parte das famosas e muito apreciadas sessões duplas. Que incluíam uma película recente, precedida de uma ‘velharia’. Que, em muitas ocasiões, superava em qualidade o filme vedeta do espectáculo.
A propósito desta saga fordiana -cuja acção decorre na América do norte aquando das guerras pela independência- lembramos que cópias dela, em DVD, já foram editadas em praticamente todos os países da Europa. Mas, em Portugal, nada feito ! Aguarda-se ainda que alguém ligado à indústria videográfica e que perceba alguma coisa de cinema se digne oferecer esse prazer aos desprezados cinéfilos deste país. Eu possuo, felizmente, três cópias do filme : as editadas em França («Sur la Piste des Mohawks»), em Espanha («Corazones Indomables») e no Brasil «Ao Rufar dos Tambores».
As 4 reproduções de cartazes acima apresentados são oferecidas aos cinéfilos que adquirem o excelente DVD editado no país vizinho. Que, infelizmente, só é acessível a quem domina a língua castelhana ou às pessoas que falam inglês
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