sexta-feira, 28 de junho de 2013

RAY HARRYHAUSEN (1920-2013)

Muito antes de existirem as imagens computorizadas, que hoje estão na base de todos os truques da indústria cinematográfica, existiu um homem -chamado Ray Harryhausen- que foi um autêntico mágico no domínio dos efeitos especiais. Capaz de criar, para o cinema, e de animar cenas fantásticas, que colocavam em movimento naves espaciais, que punham a lutar, entre eles, animais pré-históricos  desaparecidos há milhões de anos ou de dar vida a colossos de bronze, a figuras mitológicas ou a gigantescos caranguejos, Ray Harryhausen foi uma figura única do cinema do seu tempo. Faleceu há dois meses com quase 93 anos de idade. Aqui fica a homenagem ao homem e ao artista que lhe deveria ter sido prestada, neste blogue, a 7 de Maio, dia do seu falecimento. As imagens anexadas mostram Harryhausen com uma das maquetas dos esqueletos utilizados no filme «Jasão e os Argonautas» (de Don Chaffey, 1963), uma outra cena da mesma película, na qual se vê Poseídon facilitando a vida aos aventureiros do Tosão de Ouro e mais uma outra impressionante imagem da fita «A 7ª Viagem de Sindbab» (de Nathan Juran, 1958).

quinta-feira, 27 de junho de 2013

27 DE JUNHO, DIA DE GREVE GERAL

//////// Como não posso fazer greve (com quase 70 anos de idade, já não trabalho...), quero, no entanto solidarizar-me, aqui e agora, com todas aquelas pessoas que hoje vão sair à rua para manifestar o seu repúdio aos governantes que temos e que chegaram ao poder graças às falsas promessas que fizeram aos Portugueses. E gritar, bem alto, na cara dessa cambada de mentirosos e de incompetentes que vá para o olho da rua. E que leve com ela a 'troika' ! Os Portugueses estão fartos dessa gente que nunca dobrou a mola, que nunca suou para produzir riqueza e que agora tem o desplante -pela boca do primeiro-ministro- de os mandar trabalhar. Também quero dizer aos meus compatriotas, que é necessário continuar a lutar contra os agentes deste capitalismo feroz, ávido e desmiolado, que, depois de nos despojar de tudo aquilo que dá dignidade às pessoas (emprego, justiça, etc), nos quer arrancar a pele. Espero estar enganado, mas a verdade é que vejo nas insidiosas manobras destes senhoritos a vontade manifesta de nos impor mordaças e grilhetas. Compete-nos a todos fazer o necessário para que este país e este povo não volte aos dolorosos tempos do fascismo salazarento. Alerta, pois ! Por outro lado, aconselho os meus compatriotas a votar, futuramente e em todas as ocasiões, contra aqueles partidos que se dizem, arrogantemente, do 'arco da governação' e que, ao longo de 40 anos, os têm traído sem vergonha. A treta colossal que os levou ao poder, nada teve a ver com o facto de serem mais competentes ou mais cumpridores do que os outros, mas porque sempre se aproveitaram do analfabetismo político do nosso povo para alcançar os seus fins. Analfabetismo que, tanto quanto vejo, parece estar a esfumar-se. Há que fazer outras escolhas, fora dos partidos do falacioso 'arco da governação'; nem que, para tanto, se tenham que criar outros partidos ou associações políticas. Ou, então, obrigar os partidos que sempre contestaram (com razão) as políticas de PSD's, CDS's e PS's e os democratas (independentes ou não) a apresentar aos Portugueses um programa comum de governo. Um programa para um governo sério (expurgado de aventureiros e de carreiristas), decidido, na sua acção, a defender os interesses essenciais do nosso sacrificado povo. Os Islandeses conseguiram-no. Porque não nós ?  Porque se esses tais partidos da esquerda e essas tais figuras democráticas não o fizerem (num futuro próximo), também não compreendo o interesse que possam ter na vida política do nosso país...

SARDINHADA DO DIA DE SÃO JOÃO

Acontecimento social repetível e eminentemente apreciado, a sardinhada é para os Portugueses o pendente do churrasco para os povos das Américas : Estados Unidos, Brasil, Argentina, etc. E como o peixe da nossa costa -incluindo as sardinhas- é unanimemente reconhecido como sendo um dos melhores do mundo(*), esse acontecimento é, também, uma boa ocasião para saborear um dos produtos mais saborosos e mais emblemáticos (direi mesmo, o mais emblemática) da nossa pesca. Que, apesar da subida constantes dos preços, é também (e ainda) um dos mais acessíveis ao bolso dos nossos compatriotas, escaldados pela política fiscal destrutiva do ministro Gaspar. Isto, e certamente mais algumas outras razões de natureza vária, fazem das sardinhadas um momento único de convívio e de descontração. No Dia de São João (24 de Junho), fiz a minha primeira sardinhada do ano, que contou com a presença de muita gente da minha aldeia, com a qual eu mantenho relações de amizade. As sardinhas (vindas de Peniche) estavam frescas e gordas (como convém) e o vinho tinto alentejano, que ajudou a digeri-las e que animou os mais melancólicos, era francamente uma boa pinga. Aqui deixo algumas imagens da festa e o agradecimento público àqueles que, voluntariamente, assaram o pescado ( Morais e Vítor) e trouxeram música à festa (Daniel). E também a todos os presentes, que eram (quase exclusivamente) membros do Orfeão 'Estrela da Planície' e familiares. ///////// (*) Alguns dos melhores e mais caros restaurantes de Nova Iorque só servem (à sua requintada clientela) peixe capturado nas costas portuguesas. Daí dizer-se dele, com toda a legitimidade,que é dos melhores do mundo.

terça-feira, 25 de junho de 2013

MIAM, QUE COISA BOA

Fácil de preparar, este pitéu é composto por crepes salgadas (que se podem comprar já feitas), sobre as quais assentam uma miscelânea de verduras e algumas fatias finas de salmão fumado. Dietético e saboroso. Mas pouco recomendado para quem habituou o estômago às pratadas de cozido à portuguesa, de caldeirada e afins...

MAS QUE BOMBA !!!

O veículo aqui representado é o Fiat S76, realizado em 1911 nas fábricas da conhecida marca italiana na capital do Piemonte. O seu nome oficial mudou, posteriormente, para Fiat 300 HP 'Record' e o seu ar possante valeu-lhe a alcunha de «A Besta de Turim». Só se construíram, ao que parece, dois exemplares deste modelo, que possuía um motor bibloco de 4 cilindros em linha (com 28 353 cm3 de cilindrada) e que começou a bater recordes desde o ano do seu nascimento. O seu recorde absoluto -fixado em 290 km/hora- foi estabelecido em Long Island, nos Estados Unidos da América, em Abril de 1912.

AS DIFICULDADES DO CAMINHO...

///////// «O teu sucesso na vida não se mede pelo caminho que percorreste, mas sim pelas dificuldades que tu superaste no caminho».

(Abraão Lincoln)

sábado, 22 de junho de 2013

«A ÚLTIMA ESCOLTA»

«A Última Escolta» é (embora não pareça) uma produção televisiva, um telefilme. Com o título original de «Taking Chance», esta obra foi realizada por Ross Katz (2009) e tem na pessoa de Kevin Bacon o seu principal actor. Gostei muito desta ficção, que trata um tema difícil com um grande tacto, com uma grande sensibilidade. A história contada baseia-se no ritual de repatriamento dos corpos de soldados norte-americanos mortos em combate. E no acompanhamento personalizado dado, aquando da entrega das urnas às famílias dos defuntos, por serviços especializados das forças armadas dos Estados Unidos. Aqui conta-se a história de um desses militares (morto no Iraque, durante a operação 'Tempestade do Deserto'), que é escoltado por um oficial superior do Corpo de Fuzileiros até ao Wyoming, sua terra natal. «A Última Escolta» lembrou-me -pela proximidade do tema e pela maneira extremamente delicada com que foi realizado- «Jardins de Pedra» («Gardens of Stone»), um filme de Francis Ford Coppola, datado de 1987. Procurei o DVD com cópia deste telefilme na net, porque teria muito gosto em incluí-lo nas minhas colecções, mas, infelizmente, sem resultados positivos. Nem mesmo em França, onde esta obra se intitula «L'Honneur d'un Marine», me foi possível encontrar uma cópia videográfica. Que pena...

RECORDAÇÕES (2)

/////// Trabalhei -cerca de 15 anos- na sede da sucursal francesa de uma importante instituição bancária lusa; que se situava no 9º bairro da 'Cidade-Luz', num dos ângulos das ruas Auber e Scribe, ali a dois passos da Ópera Garnier (famoso teatro lírico que é, embora a maioria das pessoas o ignore, um dos mais belos e interessantes monumentos da capital francesa). A agência central do 'meu' banco tinha entrada pública na junção das supracitadas artérias e dispunha de uma porta de serviço (geralmente utilizada pelos fornecedores) num beco chamado Impasse Sandrié, onde também estava sedeada a famosa casa editora Calman-Lévy. Um dia, tomada por uma grande excitação, uma colega minha veio chamar-me ao serviço onde eu trabalava, para que eu pudesse ir ver, segundo ela, «um grande escritor polaco, que aparecia muito na televisão». Por mera curiosidade, dirigi-me à tal porta dos fundos, que abri com alguma brusquidão, na esperança de ainda poder enxergar o tal homem de letras polaco, que, pelas explicações dadas pela minha camarada de trabalho eu ainda não tinha conseguido identificar. E, já com a porta escancarada, deparei-me com um grupo de pessoas diante da dita. Todas essas pessoas olharam na minha direcção, surpreendidas pela súbita aparição de um intruso, que as assustou. Entre elas não havia nenhum escritor conhecido. Nem oriundo da Polónia, nem da Transilvânnia, nem da Cochinchina, mas destacava-se, isso sim, a figura alta e inconfundível de Boris Yeltsin, que, nesse tempo, ainda não era presidente da Rússia. Soube ainda nesse dia, pelos jornais, que o homem que, mais tarde, tanto fez rir Bill Clinton, durante um acto público em que apareceu 'tocado' pela vodka, estava ali para oficializar a saída de um livro que escrevera e que seria lançado (com tradução em francês) pouco depois, pela já citada editora. Passou cerca de 1/4 de século sobre o sucedido (que terá ocorrido em 1990 ou na primeira metade do ano seguinte), mas ainda hoje me lembro da cara espantada do futuro dono do Kremlin, ao ver surgir, de onde ele  menos esperava, a minha pessoa e três ou quatro colegas do banco,  que me haviam acompanhado com o intuito de admirar o tal «escritor polaco», consagrado pela TV...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A BELEZA DAS TELAS DE UMA SENHORA ARTISTA

Carol Cavalaris é uma artista norte-americana, que vive e trabalha no Colorado. Senhora de uma grande sensibilidade, especializou-se em temas naturalistas, sendo uma exímia pintora de bichos e de flores. Como, aliás, fica documentado (e demonstrado) nestas suas duas telas, que ela intitulou «Spirit of the Tropics» e «Summer Life». Que beleza !

L'IRRÉVÉRENCE DÉVASTATRICE DE BORIS VIAN


 


LA JAVA DES BOMBES ATOMIQUES

Mon oncle un fameux bricoleur
Faisait en amateur des bombes atomiques
Sans avoir jamais rien appris
C’était un vrai génie question travaux pratiques
Il s’enfermait toute la journée
Au fond de son atelier pour faire ses expériences
Et le soir il rentrait chez nous
Et nous mettait en transes
En nous racontant tout:
“Pour fabriquer une bombe “A”
Mes enfants croyez-moi
C’est vraiment de la tarte
La question du détonateur
Se résout en un quart d’heure
C’est de celles qu’on écarte
En ce qui concerne la bombe “H’
C’est pas beaucoup plus vache
Mais une chose me tourmente
C’est que celles de ma fabrication
N’ont qu’un rayon d’action
De trois mètres cinquante
Il y a quelque chose qui cloche là-dedans
J’y retourne immédiatement !”
Il a bossé pendant des jours
Tachant avec amour d’améliorer le modèle
Quand il déjeunait avec nous
Il dévorait d’un coup sa soupe aux vermicelles
On voyait à son air féroce
Qu’il tombait sur un os
Mais on n’osait rien dire
Et puis un soir pendant le repas
Voilà Tonton qui soupire et qui s’écrie comme ça:
“À mesure que je deviens vieux
Je m’en aperçois mieux
J’ai le cerveau qui flanche.
Soyons sérieux, disons le mot
C’est même plus un cerveau
C’est comme de la sauce blanche
Voilà des mois et des années
Que j’essaie d’augmenter
La portée de ma bombe
Et je ne me suis pas rendu compte
Que la seule chose qui compte
C’est l’endroit où elle tombe
Il y a quelque chose qui cloche là-dedans
J’y retourne immédiatement
Sachant proche le résultat
Tous les grands chefs d’état
Lui ont rendu visite
Il les reçut et s’excusa de ce que sa cagna
Était aussi petite
Mais sitôt qu’ils sont tous entrés
Il les a enfermés en disant “soyez sages”
Et quand la bombe a explosé
De tous ces personnages il n’est plus rien resté
Tonton devant ce résultat ne se dégonfla pas
Et joua les andouilles
Au tribunal on l’a traîné et devant les jurés
Le voilà qui bafouille:
“Messieurs c’est un hasard affreux
Mais je jure devant Dieu
Qu’en mon âme et conscience
En détruisant tous ces tordus
Je suis bien convaincu
D’avoir servi la France”
On était dans l’embarras
Alors on le condamna et puis on l’amnistia
Et le pays reconnaissant l’élut immédiatement
Chef du gouvernement.

(Boris Vian)

O VERÃO DE 2013 JÁ ESTÁ AÍ !!!

Começou hoje o Verão. Faço votos para que nos traga um tempo de estação. Que permita -a quem gosta de desfrutar da beira mar- dar uns refrescantes mergulhos nas praias da nossa costa. Que não são as de Taiti ou as das Caraíbas, mas que, ainda assim, têm a sua qualidade e o seu charme. Isto, naturalmente, se ainda houver hipóteses de passar alguns dias de férias, sem recurso aos adiados subsídios...

TRANSPORTE DE CARNES

Algures no Extremo-Oriente, um homem prepara-se para distribuir porcos por pontos de revenda e por restaurantes. Não, a motorizada não tem sistema de refrigeração... (Clique na imagem para a ampliar).

quinta-feira, 20 de junho de 2013

QUEM SE LEMBRA AINDA DE RICKY NELSON ?

//////////// Presumo que já não são muitas as pessoas que ainda se lembram, em Portugal, de Ricky Nelson, cançonetista de 'rock', que viu a sua vida e a sua carreira dramaticamente interrompidas aos 45 anos de idade. Ricky, que era natural da Nova Jérsia, morreu, com efeito, no dia 31 de Dezembro de 1985 em consequência de um desastre de avião ocorrido no Texas. O disco (de edição francesa) que ilustra este 'post' faz referência à participação de Ricky em «Rio Bravo», filme realizado, em 1959, por Howard Hawks. Nesse fabuloso western, Ricky Nelson (no papel de Colorado) contracenou com John Wayne, Dean Martin, Angie Dickinson e Walter Brennan. Memoráveis são as canções «My Rifle, My Pony and Me» e «Cindy» que ele interpreta (nessa fita) na companhia de Dean Martin e com acompanhamento à harmónica de Walter Brennan. A cena passa-se durante uma noite de vigília na prisão de uma cidadezinha da fronteira. E concorre para desdramatizar o ambiente pesado imposto pelo guião e vivido pelos principais protagonistas da fita. Verdadeiramente inesquecível !...

ARTE UNHAL

Uma nova arte pictórica floresce nestes tempos de lazer forçado : a ornamentação das unhas femininas. Ditada pela crise, que gerou desemprego e que gerou ócio, mas que também gerou ideias, esta vistosa extravagância parece-me inofensiva. O que não é o caso de todas as modas. Quem ainda tiver dúvidas sobre a sua beleza, repare nos exemplos que eu aqui deixo. Há que ter cuidado, no entanto, para saber distinguir as pinturas autênticas, aplicadas directamente na extremidade dos dedos feminis, das aplicações artificiais que se colam sobre as ditas unhas. Estas podem já ser pintadas segundo padrões industriais e desvirtuam a arte original. As fotos são da autoria de gente anónima, que faculta a sua circulação na Internet. Atenção : o uso destes adornos não convém às senhoras que ainda têm emprego e que têm o privilégio de trabalhar nos campos, de trabalhar a dias, etc.

OLHA, UM TREVO DE QUATRO FOLHAS !!!

///////// Tenho encontrado, ao longo da minha vida, muitos trevos de quatro folhas. Mas continuo à espera que me saia a sorte grande...

terça-feira, 18 de junho de 2013

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

/////////////// O Tempo Passa? Não Passa

O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Amar se Aprende Amando'

MONA LISA

///////// Brotero ou Da Vinci ?
A escolha é sua.

DIVAGAÇÕES SOBRE A CRISE

Para muitos estadunidenses dos anos 60 do passado século, o tão apregoado 'sonho americano' passava (entre outras coisas) pela aquisição e fruição de um carro como este soberbo Pontiac 'Parisienne'; que era proposto à potencial clientela nas suas versões coupé e descapotável, como refere a publicidade anexada. Ou de veículos similares de marcas concorrentes. Quantos mais centímetros de comprimento tivesse o automóvel (praticamente vendido a metro), mais importante era o estatuto social que se reconhecia ao seu proprietário e respectiva família. Vivia-se uma época de grande prosperidade e o galão de gasolina era vendido, nos 'states', por meia dúzia de patacos.  O que era, apesar da abundância de dinheiro, importantíssimo, quando se sabe que cada uma destas bestas consumia uns 20 litros de carburante por 100 km percorridos. Foi o tempo das vacas gordas, durante o qual, nunca o povo mais rico da terra, imaginou as dificuldades que atormentam, hoje, os seus descendentes; sucessivamente vítimas das crises imobiliária e da banca, do desemprego e de muitas outras malfeitorias perpetradas pelos gananciosos aprendizes de feiticeiro de Walt Street. E nós aqui, no Velho Mundo, não nos regozijamos com as suas desgraças. Por duas boas razões : a primeira é porque (neste mundo globalizado) quando os Estados Unidos tossem, toda a Europa se constipa; e a outra subsequente razão, é porque, também nós, estamos a viver tempos muito difíceis e sem fim à vista. Por cá e agora, carros como estes (ou equivalentes) só existem na numerosa frota estatal, posta à disposição dos nossos governantes; que, da crise, só conhecem o eco das palavras ocas que vão desaforadamente proferindo e com as quais, diariamente, vão entretendo o pagode. Até quando ?

RECORDAÇÕES (1)

////////// Já eu tinha 30 anos de idade quando -em Janeiro de 1976- me foi dada a oportunidade de tomar um avião pela primeira vez. E de voar ! Esse acto, hoje banalíssimo e que eu próprio reiteraria uma boa centena de vezes, foi, para mim, qualquer coisa de inesquecível e de irrepetível. Por muitas razões, já que descolei do histórico(*) aeroporto parisiense de Le Bourget (agora reservado a voos particulares e de mercadorias) e pousei em Fornebu, aeroporto de Oslo, encerrado ao tráfego aéreo em Outubro de 1989. Original, também, foi facto do meu regresso a França (onde eu residia), após 4 meses de ausência na Noruega e na Suécia, se ter feito através do aeroporto Charles de Gaulle, que era, então, novinho em folha. Essa minha viagem de ida e volta foi feita em birreactores Douglas DC-9, os aviões 'standard' da companhia SAS para voos de curto e médio cruzeiro. Lembro-me que a viagem de ida, entre as duas capitais, se fez com uma dezena de passageiros a bordo, mas que o avião encheu em Copenhague, onde fez escala durante 1 hora. Lembro-me, igualmente, da aproximação ao aeroporto de Oslo Fornebu e da apreensão que me ganhou ao ver a grande quantidade de neve que o cobria. E do trabalho dos veículos de serviço a aspirarem a pista e a arremessarem a foleca para longe do espaço onde o meu avião iria aterrar. Escusado será dizer que tudo se passou às mil maravilhas. Até porque os pilotos da referida companhia aérea haviam sido treinados para enfrentar as condições adversas do rigoroso inverno da Escandinávia. Que eu também iria conhecer, aguentando temperaturas da ordem dos 30 graus negativos. Velhos e belos tempos da minha juventude, que me levavam a procurar trabalho onde o havia; como, neste caso, a mais de 3 000 km do meu domicílio. Quando penso que, nestes tristes dias de crise, há gentinha, no nosso país, a recusar empregos, porque estes distam 30 km de suas casas... //////////
(*) O aeroporto de Le Bourget foi palco de alguns grandes acontecimentos da História da Aviação. Talvez o mais famoso desses feitos tenha sido a chegada a Paris -em data de 21 de Maio de 1927- de Charles Lindbergh, depois do primeiro voo solitário e sem escalas, realizado entre a América e a Europa. Esse histórico voo durou 33 h 30 e foi feito num monoplano Ryan baptizado 'Spirit of St. Louis'. As fotos anexadas mostram um dos muitos DC-9 (retirados do serviço) da frota da companhia SAS e o aeroporto de Oslo Fornebu (que se situava a apenas 7 km da cidade) tal como eu o conheci. Hoje, este espaço está irreconhecível, devido à urbanização que por lá foi feita. O novo aeroporto da capital da Noruega (Oslo Gardermoen) está localizado muito mais longe de Oslo. (Estas fotos podem ser ampliadas com um simples clique).

«A GAIOLA DOURADA»/«LA CAGE DORÉE»

Fruto de uma co-produção luso-gaulesa, «A Gaiola Dourada» tem realização de Ruben Alves e a sua exibição, em França, está a ter um inesperado sucesso. A tal ponto que, na passada semana, este filme já ultrapassou a barreira do milhão de espectadores. Alguém, que eu conheço e que já viu, disse-me, aqui há uns dias atrás, que esta película não o tinha seduzido. Que era uma banal chachada sobre uma típica família de emigrantes portugueses de Paris (ela porteira, ele pedreiro) e sobre o seu relacionamento com os seus vizinhos e patrões. Confesso que, perante o êxito comercial alcançado pela dita fita, tenho alguma curiosidade em descobri-la. Presumindo, no entanto, que isso só será possível aquando do lançamento videográfico do filme em questão. Filme que está bem servido de actores, já que tem -na protagonização dos principais papéis- Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Roland Giraud e Chantal Lauby. A ver vamos...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

CHASSEZ LE NATUREL...

///////// Chassez le naturel, il revient au galop !
Pas vrai, Marine ?

VEM AÍ O 29º FESTIVAL DO CRATO

////////// Aproxima-se, a passos largos, a realização de mais um Festival do Crato. Que é -como toda a gente sabe- o maior evento consagrado à música, ao artesanato e à culinária de todo o Alto Alentejo. No que à música diz respeito, sabemos (embora ainda não tenhamos visto o cartaz de 2013) que estarão presentes no palco do dito Festival, artistas nacionais consagrados, tais como Carlos do Carmo, Camané, GNR, Azeitonas, Áurea e Melech Mechaya, entre outros. Mas, como é hábito, o Festival do Crato conta, igualmente, com a participação de artistas estrangeiros, cujos nomes serão, a seu tempo, revelados. Embora possamos já adiantar os de Richie Campbell e do grupo Skunk Anansie. Os preços de entrada para os espectáculos, que vão decorrer entre 28 e 31 de Agosto, têm, este ano, o lema «Mais Crato, Mais Festival, Mais Portugal» e a sua organização está orçada em 360 000 euros. Soma perfeitamente recuperável, devida à afluência de gente vinda de todo o lado do país e de Espanha, aqui tão próxima. Apresentamos parabéns antecipados ao Município local (uma das entidades promotoras do evento) e a todos aqueles que pugnam para manter a qualidade do Festival do Crato.

1 200 NAVIOS !!!

Com a inclusão do navio «Farley Mowat», que a imagem representa, o meu outro blogue -ALERNAVIOS- já 'tirou o retrato' a 1 200 embarcações de todos os tipos e de todas as épocas da História. Penso, muito sinceramente, que o dito blogue tem algum interesse para aqueles que se interessam pelos navios, em geral, e pela grande epopeia da navegação. Aventura que, para além de ter assegurado, ao longo dos séculos, o transporte de muitos milhões de seres humanos, também contribuiu para promover encontros (obviamente) e para desenvolver o comércio internacional. Isso, desde tempos imemoriais. O mar, que permitiu ao homem sonhar e foi incentivo para grandes ideias, grandes invenções e grandes feitos, está intimamente ligado à nossa própria História e permitiu aos Portugueses ir buscar lá fora as riquezas que a nossa terra sempre nos negou. A gesta dos Descobrimentos -lançada pelo Infante D.  Henrique e pelos seus colaboradores (cartógrafos, matemáticos, capitães de navios) é das páginas mais brilhantes alguma vez escritas pelos povos do planeta Terra. Também, em ALERNAVIOS, se evoca essa época de ouro, graças à lembrança das caravelas, naus e galeões que sulcaram mares e oceanos, para dar lustro à lusa gente. Estão todos convidados, pois, a percorrer esse meu blogue. Que, apesar do palavreado que aqui deixo, é totalmente isento de pretensões. Sejam elas de que natureza forem...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

HERÓIS DE ONTEM, HERÓIS DE SEMPRE !

Estes veneráveis anciãos, carregados de medalhas e de condecorações, são dois antigos combatentes da Grande Guerra Patriótica; que é o nome que os povos da ex-U.R.S.S. ainda hoje dão ao conjunto dos combates travados na frente de leste, aquando da 2ª Guerra Mundial. Combates durante os quais, com o sacrifício de milhões de vidas, eles puseram termo ao avanço dos nazis e da sua infernal máquina militar, libertaram as suas pátrias da presença inimiga e fizeram ajoelhar a arrogante Alemanha. O seu esforço sempre foi subestimado no Ocidente. O que é uma medonha injustiça e uma verdadeira afronta feita àqueles que -mais do que ninguém- ajudaram a vencer o fascismo hitleriano. As medalhas que estes dois veteranos (um marinheiro e um soldado do exército) ostentam orgulhosamente, não são simples pingentes ou berloques, mas a expressão dos sacrifícios consentidos e dos actos de bravura com que se ilustraram nas mais encarniçadas frentes de batalha da última guerra planetária. Conflito que, é bom lembrar, provocou mais de 50 milhões de mortos !!!

ARTE POPULAR

A arte popular portuguesa aparece onde menos se espera. Pode surgir pintada numa banal cerâmica de feira, num painel de azulejos (como este, que evoca o trabalho dos moliceiros da ria de Aveiro) ou num boneco de Estremoz. Que, como aquele que aqui deixo à vossa admiração, é uma representação 'naive' da Rainha Santa e do milagre das rosas. Os nossos artesãos têm talento, Não haja dúvidas !

segunda-feira, 10 de junho de 2013

ROUEN : GRANDE ARMADA 2013

////////// Está a decorrer em Rouen (Ruão), França, a 6ª edição de um grande evento : A 'Armada', como é ali e internacionalmente conhecido. E que reúne, nos cais do porto daquela cidade da Alta Normandia -ribeirinha do Sena- os maiores veleiros do mundo (a «Sagres» é presença quase obrigatória), mas não só, já que navios de guerra modernos, de várias nacionalidades, também lá afluem, desde a 2ª edição. À volta deste acontecimento -que atrai diariamente à cidade 1 milhão de pessoas, vindas de toda a Europa- programam-se muitas e diversificadas manifestações culturais, que fazem da Armada um evento único. E muito esperado, já que a sua periodicidade é, no melhor dos casos, quadrienal. Tenho pena e não estar lá. Por duas razões : a primeira delas é porque sou um apaixonado por navios; a segunda é porque uma das minhas filhas mora numa casa situada a 5 minutos a pé dos cais de Rouen. Quer dizer, no fulcro do acontecimento. Assisti às primeiras quatro edições desta festa e espero que um dia (se o dom da vida me for concedido até lá) possa voltar a ver tal espectáculo. Que é grandioso ! (A fotografia inferior mostra a multidão que, durante a 'Armada' e todos os dias, se reúne à volta dos navios. A imagem pode ser ampliada com um simples clique).

sábado, 8 de junho de 2013

FEIRA DAS CEREJAS EM NISA

Amanhã é o segundo domingo do mês de Junho; e, como é de tradição, realiza-se em Nisa (vila situada a 18 km de minha casa) a Feira das Cerejas. Se o tempo ajudar (o que não é certo), dou lá uma saltada. Espero que a feira em questão faça jus ao seu nome e que proporcione aos visitantes uma larga variedade desses frutos e produtos derivados dos ditos. Porque (com os citrinos) as cerejas são a minha perdição. Há uma personagem de Shakespeare que vendeu a alma ao diabo por um copo de malvasia e eu cá acompanhava-a... por um punhado de boas cerejas. De preferência de tamanho avantajado, negras e dulcíssimas. Mas, em relação à cor, não sou intransigente, porque também não desdenho as cerejas da espécie 'napoleão', que até podem ter uma pele ligeiramente rosada, quase branca. A propósito desta variedade, lembro-me que os meus pais -que foram proprietários, no norte de França, de uma casa com quintal- tiveram duas destas cerejeiras; que todos os anos nos surpreendiam com a quantidade e com a qualidade dos frutos que produziam...

HUMOR GALEGO

/////////// Sem comentários.

FALECEU ESTHER WILLIAMS, 'A SEREIA DE HOLLYWOOD'

Faleceu anteontem, em Los Angeles, Esther Williams. Que foi -durante três décadas- uma das grandes estrelas da M.G.M. e da Meca do Cinema. Californiana de nascimento, Esther aprendeu a nadar na piscina pública da sua cidade natal de Inglewood. Campeã regional, preparou-se para participar nos Jogos Olímpicos de 1940. Que não se realizaram (como não tiveram lugar os de 1944), por causa da guerra que devastava o mundo. Impossibilitada de fazer a carreira desportiva internacional que ambicionava, Esther Williams -que era uma mulher lindíssima e senhora de um corpo escultural- acabou por exercer a profissão de modelo. Em 1940 foi descoberta por um caçador de talentos de Hollywood, que a levou para a Metro Goldwyn Mayer, onde assinou contrato. Estreou-se no cinema, em 1942, com os filmes «Inflation» e «Andy Hardy's Double Life» e ganhou a celebridade com uma longa série de feerias náuticas, que o público norte-americano (mas não só) muito apreciou. A sua vida sentimental, pontuada por vários casamentos frustrados, foi um desastre e teve consequências no seu comportamento social, já que chegou a ser presa por conduzir em estado de embriaguês. Apesar dessas vicissitudes, Esther deixou o seu nome gravado nas páginas da História do Cinema hollywoodiano. Aquela que foi a protagonista de «Fiesta» (1947), «On an Island with You» (1948), «Neptune's Daughter» (1949), «Pagan Love Song» (1950), «Million Dollar Mermaid» (1952)  e de tantos outros sucessos, faleceu a poucas semanas de completar 92 anos de idade. Bye, bye Esther !...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

FLASH GORDON, UM HERÓI DA MINHA ADOLESCÊNCIA

//////// Leitor assíduo de BD's -desde miúdo- cedo travei conhecimento com Flash Gordon, um herói galáctico descoberto nas páginas das minhas revistas preferidas. Esta figura foi criada em 1934 pelo desenhador norte-americano Alex Raymond.  Só apareceu em Portugal em 1949, curiosamente no primeiro número de «O Mundo de Aventuras». Flash respondia, nessa recuada época, pelo nome de Roldan, o Temerário. Mas foi em meados da década seguinte que eu o descobri, quando o seu nome já havia sido alterado para Capitão Relâmpago. Este herói de aventuras espaciais ressurgiu, anos mais tarde no nosso país, nas páginas das revistas «Condor Popular» e das «Selecções BD», já com o seu nome e apelido de origem : Flash Gordon. Isso, numa altura em que havia uma mais vasta franja de miúdos a estudar nos liceus e nas escolas técnicas e que esses estabelecimentos de ensino os haviam familiarizado com a língua inglesa. Que saudades desse tempo, 'mamma mia'... (Devido à grande popularidade de Flash Gordon e das suas máquinas futuristas, estas foram reproduzidas pela indústria dos brinquedos. Aquela que aqui apresento, em lata pintada, data, presumivelmente, dos anos 50 do século passado).

INACEITÁVEL APARTHEID

Acabei de ver na televisão (TV5 Monde) um excelente documentário canadiano sobre a vida da população da Palestina sob ocupação israelita. Nada que eu já não soubesse. No entanto, é sempre triste e revoltante ver como uma nação (que até funciona de maneira democrática) atingiu tal grau de indignidade. Que perdura desde 1948, do tempo da independência do estado judaico, mas também do massacre pioneiro de Deir Yassine. Geralmente, as autoridades israelitas defendem-se das acusações feitas à sua política com a estafada 'história' do anti-semitismo. Escusa cada dia mais gasta, menos eficaz, devido ao número crescente de cidadãos do mundo (israelitas incluídos) que denunciam a política de verdadeiro 'apartheid' que, naquele país do Próximo Oriente, descrimina toda a população muçulmana (e cristã) não colaborante. 'Apartheid' foi a palavra que utilizei e que se justifica plenamente, já que, ali, em Israel e nos territórios ocupados, as leis funcionam diferentemente em função da origem dos cidadãos que lá vivem. 'Apartheid' que, cada dia, se torna mais visível à medida que proliferam os colonatos judeus em terra alheia e que um autêntico muro da vergonha se alonga à vista de toda a gente. Está mais que provado que Israel não quer negociar um tratado de paz e de justa coexistência com os seus vizinhos árabes. E que os seus protectores americanos também não estão interessados nisso. E, eu e milhões de pessoas espalhadas por esse mundo fora, sabemos porquê. Israel é (com o seu poderoso exército e arsenal nuclear) o braço armado dos 'states' naquela região sensível do mundo. Obama, figura na qual muita gente apostou para mudar as coisas, não passa, afinal, e tal como os seus predecessores na Casa Branca, de um joguete nas mãos dos poderosos 'lobies' que decidem da orientação (segundo os seus interesse) da política externa dos Estados Unidos da América. Hoje toda a gente sabe que o fim da política segregacionista e ocupacionista dos israelitas só pode ser imposto aos prevaricadores por um movimento de cariz universal, que lance um boicote total sobre as relações comerciais, científicas, culturais, desportivas, com Israel. Utopia ? Talvez não ! Nota final : sempre achei que, após séculos de êxodo e depois de todas as perseguições que sofreu ao longo da História, o povo martirizado pelo Holocausto nazi merecia viver numa pátria sua, com todas as garantias de segurança que lhes são devidas. E, confesso, que, desde miúdo, aprendi a admirar o povo que fez do deserto um jardim. Com longínquos ascendentes de origem judaica (daqueles que, no nosso país, foram constrangidos à conversão à fé católica para, assim, poderem escapar às fogueiras da Inquisição), eu não posso tolerar, no entanto, a política de um estado, cada vez mais confessional e irracional, que se impõe pela força e que faz da intolerância e do desrespeito com que trata os seus vizinhos, uma maneira de estar no mundo.