sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O SPORTING EM OLEIROS E A COSTUMEIRA ARROGÂNCIA DE LISBOA

Gosto muito do espectáculo proporcionado por um bom jogo de futebol; mas o vedetismo -exagerado e  irracional- concedido aos praticantes (profissonais) desta modalidade, assim como o protagonismo dado aos treinadores, presidentes de clubes e até jornalistas irrita-me. Obviamente que só em certas ocasiões, quando o chamado 'desporto-rei' é colocado acima de tudo e de todos. Lembro-me, por exemplo, de alarvidades pronunciadas, sobretudo por alguns jogadores, quando a selecção da F.P.F. conquistou a Taça da Europa em França, como esta : «Somos heróis, que deixaremos o nosso nome na História de Portugal». Nem mais, nem menos ! E outras obscenidades do género, alimentadas por certos jornalistas ávidos de sensacionalismo e desejosos de vender papel ou de ocupar espaço nas TV's. Ainda relacionado com essa mania, está uma notícia que, confesso não ter lido, mas que ocupou um espaçozinho na capa do jornal «A Bola» de ontem e que (a propósito da deslocação do Sporting a uma vila do interior, para ali disputar um jogo da Taça de Portugal) refere : «Oleiros vive o momento mais alto da sua História». Assim mesmo e com toda a arrogância que tal frase encerra. Ora, se eu não conheço nenhum jogador de futebol cujo nome conste na História de Portugal e que, nos compêndios, alinhe ao lado de Nuno Álvares Pereira, de D. João II, de Vasco da Gama ou de Salgueiro Maia, também acho que a deslocação da reserva da equipa leonina àquela vila da Beira Baixa não constitui um acontecimento por aí além. Afinal Oleiros já tem História (é terra de povoamento muito remoto, de origens castrejas) e filhos cuja importância na dita lhe mereceram um lugar de destaque na memória dos homens. Enfim, dos homens que veem um pouco mais longe do que os horizontes fechados da 2ª Circular. Estou a lembrar-me, por exemplo, que o primeiro europeu a visitar o quase inacessível Tibete (nos Himalaias, onde chegou, após epopeica jornada, no já longínquo ano de 1624) foi o explorador e padre jesuíta António de Andrade; que, por sinal, até era natural da nobre vila de... Oleiros. Isto dito, espera-se daqueles que brilham nos estádios um pouco mais de modéstia (que só lhes ficaria bem) e àqueles que têm lugar cativo nos meios de comunicação social, que façam prova de um pouco mais de bom senso; e que nos poupem. Por favor !

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