terça-feira, 10 de outubro de 2017

DA NOSSA HISTÓRIA ANTIGA : O ESTATUTO DE LATINO


No Império Romano, eram chamados 'Latini prisci' (latinos velhos) os habitantes do Lácio (Latium), uma região do centro de Itália, com capital em Roma. Esse estatuto estendeu-se, pouco depois, a todas as colónias itálicas do Império, fundadas antes do ano 268 a.C.. Esses latinos velhos beneficiavam de direitos (nomeadamente jurídicos) mais amplos do que os outros povos das regiões periféricas submetidas pela Roma Imperial. Mas, nesse referido ano de 268 a. C., por obra e graça do imperador Titus Flavius Sabino Vespasiano (o sucessor de Nero), foi oferecido a outros dos seus súbditos -entre os quais se incluíam os habitantes da Hispânia(*), a actual península Ibérica- o estatuto de 'Latini coloniarii'; que os equiparava, em direitos e deveres, aos latinos velhos.

(*) Hispânia era, nos tempos do Império Romano, o nome dado ao espaço geográfico que, hoje, corresponde aos territórios de Portugal e de Espanha. E aos seus habitantes era dado, a todos eles sem excepção, o nome genérico de hispânicos ou de espanhóis. Se os vocábulos Espanha e espanhóis designam agora -em regime de exclusividade- a nação e os súbditos do rei Filipe VI, isso tem a ver com o facto de, na sua ânsia de, ao longo da História, unificar os dois reinos peninsulares, a gente de Madrid se ter apropriado deles indevidamente, abusivamente, unilateralmente. Ainda no século XVIII, um dos reis de Portugal interpelava um soberano seu vizinho (que, após a sua proclamação em Madrid se dizia 'rei de Espanha') mais ou menos nestes termos : -Como é que tu ousas proclamar-te rei de Espanha, quando eu estou vivo e reino em Portugal ? Depois disso, a persistência -pouco rigorosa- dos nossos vizinhos, acabou por fazer esquecer que os Portugueses, também eles, tinham, por tradição histórica, o direito ao chamamento de espanhóis...

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