Erigido numa ilhota granítica do Tejo, um pouco a juzante da confluência deste rio com o Zêzere (seu tributário), o castelo de Almourol foi mandado edificar na última metade do século XII por D. Gualdim Pais, que era, nesse tempo e em Portugal, mestre da ordem militar-religiosa dos Templários.
Devido à singularidade da sua situação, o castelo de Almourol (que aquando da ocupação árabe da península, pertenceu à linha de defesa do Tejo) é uma das mais admiradas fortalezas medievais portuguesas.
É ponto assente que o castelo de Almourol foi construído pelos nossos antepassados sobre as ruínas de uma antiga fortificação romana e posteriormente sarracena; como o atestam as moedas cunhadas em Roma e os artefactos de origem islâmica encontrados na ilhota onde assentam as muralhas, os torreões e a altaneita torre de menagem de Almourol. Castelo ao qual também estão ligadas algumas lendas de princesas encantadas e de cavaleiros andantes. Note-se, a título de curiosidade, que a mais conhecida de todas essas lendas é a da bela dama Misaguarda, referida no «Palmeirm de Inglaterra», um famoso (e tardio) romance de cavalaria da autoria do literato quinhentista Francisco de Morais.
Aquando de uma recente passagem pelo concelho de Vila Nova da Barquinha, fiz nova e breve visita ao castelo em apreço. Para verificar, com tristeza, a inexistência de uma autêntica estrutura turística que valorize este bonito e valioso edifício medievo e o quadro paisagístico em que o dito se emoldura de maneira explendorosa.
A visita exterior do monumento (e pouco mais) é facultada por um barqueiro que, mediante o pagamento de uma módica quantia, permite o acesso dos interessados à ilhota fluvial. É, no entanto, lamentável, repito, que as autoridades nacionais e regionais não tenham querido (ou sabido) explorar turisticamente –e de maneira séria- esta jóia da nossa arquitectura militar; e que não proporcionem aos nacionais e estrangeiros de passagem pela bonita região do Ribatejo oriental onde se ergue o castelo de Almourol, as condições que lhes dêem vontade de voltar. Acho que isso se conseguiria com a instalação no interior da fortaleza de um museu (pequeno que fosse) consagrado à Idade Média em Portugal ou à história da ordem dos Templários no nosso país. E com a organização de visitas devidamente guiadas e comentadas por especialistas nessas matérias.
Enfim, só mais um desabafo : exigir aos tais responsáveis (nacionais ou regionais) que incrementem essa forma de turismo alternativo ao do sol e das praias talvez seja ‘demasiada areia para as suas camionetas’, como sói dizer-se. E assim, quem fica a perder com tal ausência de ideias e de iniciativas são, concerteza, a economia local (particularmente o comércio) e, afinal, o país inteiro, que se vê privado da oportunidade de explorar as potencialidades oferecidas pela beleza dos sítios naturais do interior, pelo esquecimento a que são votados alguns dos seus mais belos e emblemáticos monumentos e pelo prejuízo inerente à falta de divulgação do seu rico passado histórico.
Alguns farão a pergunta : Ok, mas onde iríamos nós buscar as elevadas verbas que tal política exige ? –E eu responderia (por não ter encontrado nada de melhor, confesso) : ao sítio onde fomos buscar a ‘massa’ para construir os estádios (semi-abandonados) do programa Euro 2006 e à bolsa de onde se saca o ‘carcanhol’ para a realização daquelas autoestradas por onde ninguém circula. Tenho dito.
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