terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PORTUGAL NAS BOCAS DO MUNDO


Ontem, em Nova Iorque, a cerimónia de tomada de posse de António Guterres como Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e, em Paris, a entrega (pela revista «France Football») da Bola de Ouro ao 'crack' Cristiano Ronaldo, puseram os supracitados e o nosso país nas bocas do mundo. O que, já não sendo nada de extraordinário, nos vai reconfortando. Já lá vai, pois, o tempo em que por cá nada se passava e que os ignorantes do mundo inteiro nos assimilavam a uns pobres saloios originários de uma qualquer província espanhola. E digo ignorantes, porque o Portugal de sempre, o Portugal eterno, deixou, ao longo de quase mil anos de existência, uma marca imperecível nas História das Nações. E quem não sabe isso é porque é, muito simplesmente, burro, é porque não lê, é porque não se informa. Lembro-me, a propósito disso, de ver e de ouvir há 50 anos atrás -em França, país apresentado como centro de cultura e de saber- coisas verdadeiramente extraordinárias sobre a nossa terra natal. Como, por exemplo, sobre a sua já evocada e pretensa localização no mapa de Espanha ou sobre a figura do ditador caseiro, a quem ouvi (pasmai !) chamar Baltazar. Isso, entre outras barbaridades do mesmo quilate. Inicialmente senti-me ofuscado, quase ofendido; mas realizei, rapidamente, que não era culpa minha, culpa nossa, mas de quem não havia preparado culturalmente as pessoas sobre a realidade de um país quase vizinho. Eu já podia, nesse tempo (quando era ainda um adolescente que lia muito), falar-lhes (aos Franceses) de episódios da sua própria História, como, por exemplo, de Joana d'Arc e do seu papel na guerra dos 100 Anos; de Francisco I e da sua rivalidade com o nosso 'Rei Venturoso', por causa dos Descobrimentos; de Napoleão Bonaparte e do terrível conflito peninsular; de Jean Moulin e da resistência ao nazismo; de escritores como Vítor Hugo, Balzac, Zola e de outros génios da literatura francesa... Até que a luz se fez e eu compreendi que os meus interlucotores -essencialmente gente da classe operária- era menos sabida do que eu nessas matérias. E aí descansei e até fui, confesso, indulgente. Esse tempo passou e, sobretudo depois da Revolução dos Cravos, os Portugueses saíram da casca. Que é como quem diz, saíram do quase anonimato. E, diga-se em abono da verdade, quase sempre pelas melhores razões. Como aquelas que referimos no início deste texto. E ainda bem que o equilíbrio se restabeleceu e que já não somos um país de gente pequenina...


As crises que grassam no mundo, nomeadamente as escandalosas guerras que, presentemente, devastam o Próximo-Oriente, vão, com toda a certeza, dificultar a tarefa de Guterres, pois são preocupações prioritárias de todos e com necessidade de resolução urgente. Cabe-lhe a ele demonstrar que tem arte e engenho para conseguir sentar à mesma mesa de negociações os intervenientes (directos e indirectos) dos referidos conflitos; e que tem capacidade para convencê-los de que a paz trás vantagens a todos. Inclusivamente às centenas de milhar de refugiados que vagueiam pela Europa (onde, sejamos honestos, ninguém os quer receber) e que, intimamente -estou convencido disso- aspiram regressar às suas terras e por lá prosperar e viver em paz. Nestas circunstâncias, o mínimo que podemos desejar ao novo dirigente máximo da ONU é boa sorte.


Quanto a CR7 -que recebeu pela 4ª vez a cobiçada 'Bola de Ouro'- é, de novo, considerado o 'Melhor Jogador de Futebol do Mundo'. A atribuição desse prestigioso título desportivo -feita sob a égide da revista «France Football»- foi decidida por 173 jornalista de outros tantos países onde se pratica a modalidade. A escolha do futebolista português não deixou dúvidas, pois Cristiano Ronaldo obteve, na votação, mais 429 pontos do que o seu eterno rival, Messi, e mais pontos do que os somados pelos seus quatro principais adversários; que foram, para além do já citado avançado argentino, o francês (luso-descendente) Griezeman, o brasileiro Neymar e o uruguaio Suarez. Ronaldo nada, pois, em plena glória e isso também honra a nação que o viu nascer e o futebol que por cá se pratica e vai formando génios.

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