domingo, 26 de julho de 2015

BACALHAU SIM, BACALHAU NÃO

Os noruegueses (e outros povos nórdicos) pescam bacalhau desse tempos imemoriais. Para assegurarem a sua própria sobrevivência, mas também para servir nas trocas comerciais com outras nações da Europa. Instalados na Islândia e na Gronelândia desde a Idade Média e tendo descoberto a América do norte por volta do ano 1000 da era cristã, os Vikings foram, sem dúvida, grandes captores e apreciadores deste gadídeo. Que consumiam simplesmente seco e/ou fumado, já que não deveriam dispor de reservas importantes de sal, para poderem recorrer ao nosso processo de cura tradicional. Inicialmente, por razões de ordem económica, os Portugueses instalaram-se no topo dos consumidores desse peixe de águas frias. E continuam a ser hoje o povo que mais come bacalhau em todo o mundo, apesar da raridade do produto ter feito subir, de maneira exponencial, o seu valor comercial. Com as restrições impostas pelo Canadá, nós já não pescamos bacalhau há várias décadas. O bacalhau com o qual agora confeccionamos as centenas de deliciosas receitas que inventámos ao longo dos tempos, vem agora, essencialmente, da Noruega; país que adaptou a sua indústria de transformação deste pescado, para poder elaborar um produto dito de 'cura portuguesa', compatível com o nosso gosto. Mas as reservas de bacalhau encaminham-se, fatalmente, para o esgotamento e é muito provável que os Portugueses de um futuro próximo nunca cheguem a saber o que foi um 'Bacalhau à Brás', um 'Bacalhau à Gomes de Sá' (como aquele que eu saboreei ontem), um 'Bacalhau à Lagareiro', uns 'Pastéis de Bacalhau' ou um 'Bacalhau à Margarida da Praça'. Enfim, e como egoisticamente diz o outro, tivessem chegado mais cedo; nos velhos tempos do bacalhau a pataco...

Sem comentários: