Esta fotografia aérea (de autor cuja identidade eu desconheço) foi tirada no já longínquo ano de 1930 e mostra as instalações fabris da CUF do Barreiro e o porto privativo dessa empresa, hoje extinta. Fundada em 1865 (em Lisboa) por Alfredo da Silva, esta firma, que acabaria por tornar-se -algumas décadas mais tarde- no mais importante e diversificado grupo industrial da península Ibérica, trouxe, à então vila da margem sul do Tejo (onde a CUF instalou as suas primeiras fábricas no decorrer da primeira década do século XX), grande incremento e muita gente da província (Alentejo, Algarve, Beiras e Norte); que, longe do campo e das jornadas de sol a sol, ali procurava uma vida mais digna e mais desafogada. A vida dos trabalhadores da CUF nem sempre foi um mar de rosas. Longe disso... Mas, graças à obra social desenvolvida pelo fundador e herdeiros do referido império industrial, foi muito melhor do que a existência proporcionada aos seus empregados por quaisquer outras empresas a laborar no nosso país. De longe ! E eu falo com conhecimento e causa, porque vivi no Barreiro muitos anos, o meu pai e outros familiares foram empregados da CUF e eu próprio trabalhei (quando era jovem) numa das fábricas do grupo durante 26 meses. É também verdade que havia ali algumas restrições à liberdade de dizer e de agir, mas também é certo que, no tempo da ditadura, esses atropelos aos direitos cívicos (e outros) de cada um, se estendiam a todo o país e não somente ao espaço CUF. Eu tive, confesso sem a mínima ponta de hesitação ou de vergonha, um certo orgulho em ter pertencido a uma empresa, que oferecia aos seus colaboradores tudo o que havia de melhor em matéria de serviços sociais e de realização do indivíduo : creches, escolas, colónias de férias, unidades de formação profissional, centros de saúde e hospitais, cultura, desporto, etc, etc. Isto, num Portugal atrasado, retrógrado, pobre e avesso à promoção dos seus filhos, enquanto pessoas. Por tudo isto, considero este cliché digno de ser comentado e integrado nesta secção que eu intitulei 'Fotografias com História'.
domingo, 31 de agosto de 2014
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (15)
Esta fotografia aérea (de autor cuja identidade eu desconheço) foi tirada no já longínquo ano de 1930 e mostra as instalações fabris da CUF do Barreiro e o porto privativo dessa empresa, hoje extinta. Fundada em 1865 (em Lisboa) por Alfredo da Silva, esta firma, que acabaria por tornar-se -algumas décadas mais tarde- no mais importante e diversificado grupo industrial da península Ibérica, trouxe, à então vila da margem sul do Tejo (onde a CUF instalou as suas primeiras fábricas no decorrer da primeira década do século XX), grande incremento e muita gente da província (Alentejo, Algarve, Beiras e Norte); que, longe do campo e das jornadas de sol a sol, ali procurava uma vida mais digna e mais desafogada. A vida dos trabalhadores da CUF nem sempre foi um mar de rosas. Longe disso... Mas, graças à obra social desenvolvida pelo fundador e herdeiros do referido império industrial, foi muito melhor do que a existência proporcionada aos seus empregados por quaisquer outras empresas a laborar no nosso país. De longe ! E eu falo com conhecimento e causa, porque vivi no Barreiro muitos anos, o meu pai e outros familiares foram empregados da CUF e eu próprio trabalhei (quando era jovem) numa das fábricas do grupo durante 26 meses. É também verdade que havia ali algumas restrições à liberdade de dizer e de agir, mas também é certo que, no tempo da ditadura, esses atropelos aos direitos cívicos (e outros) de cada um, se estendiam a todo o país e não somente ao espaço CUF. Eu tive, confesso sem a mínima ponta de hesitação ou de vergonha, um certo orgulho em ter pertencido a uma empresa, que oferecia aos seus colaboradores tudo o que havia de melhor em matéria de serviços sociais e de realização do indivíduo : creches, escolas, colónias de férias, unidades de formação profissional, centros de saúde e hospitais, cultura, desporto, etc, etc. Isto, num Portugal atrasado, retrógrado, pobre e avesso à promoção dos seus filhos, enquanto pessoas. Por tudo isto, considero este cliché digno de ser comentado e integrado nesta secção que eu intitulei 'Fotografias com História'.
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