quarta-feira, 6 de julho de 2011
OS FILMES DA MINHA VIDA (56)
«O HOMEM A QUEM CHAMARAM CAVALO»
FICHA TÉCNICA
Título original : «A Man Called Horse»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : Elliot Silverstein
Ano de estreia : 1969
Guião : Jack DeWitt
Fotografia (c) : Robert Hauser
Música : Leonard Rosenman
Montagem : Philip W. Anderson e Gene Fowler Jr.
Produção : Sandy Howard
Distribuição : Prodis
Duração : 115 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Richard Harris ………………………………………. ‘sir’ John Morgan
Corinna Tsopei ………………………………………. Running Dear
Jean Gascon ………………………………………….. Baptiste
Dame Judith Anderson ……………………….. Buffalo Cow Head
Manu Toupou …………………………………………. Yellow Hand
Dub Taylor …………………………………………….. Joe
William Jordan ……………………………………… Bent
James Gammon …………………………………….. Ed
e os Sioux da reserva de Rosebud (Dacota do Sul)
SINOPSE
Está-se no Oeste americano em finais do primeiro quartel do século XIX, num território com fronteiras mal definidas, cuja soberania é disputada aos povos autóctones pelas autoridades tutelares do Canadá e pela nova república dos Estados Unidos.
Um aristocrata inglês –lorde John Morgan- caça na região acompanhado por três outros homens brancos. Um grupo de pele-vermelhas pertencente à nação Sioux investe, de surpresa, o acampamento e captura o súbdito de Sua Majestade britânica, apesar da resistência oferecida pelos seus companheiros, que são todos mortos.
Simultaneamente espantado e divertido com a alvura da epiderme e com a loiríssima cabeleira do estrangeiro, o chefe dos pele-vermelhas decide poupar-lhe a vida e levá-lo de presente a sua mãe, a rabugenta Buffalo Cow Head; anciã que vai impor a ‘sir’ John um trato animalesco, muito em conformidade com os desejos de seu filho que, num arremedo de cerimónia, decidira atribuir ao prisioneiro europeu o estatuto de… cavalo.
Depois de ter suportado, durante longos meses, as difíceis e humilhantes condições do cativeiro, o nobre inglês começa a interessar-se, muito sinceramente, pelo modo de vida dos seus captores, acabando por submeter-se aos seus ancestrais ritos iniciáticos.
Tendo triunfado das terríveis provas físicas a que voluntariamente se submetera e demonstrado a sua coragem num combate contra os inimigos dos Sioux, John Morgan readquire a dignidade perdida, é autorizado a desposar uma das virgens da tribo e –suprema honra- é convidado a ocupar, de pleno direito, um lugar importante no conselho dos guerreiros…
O MEU COMENTÁRIO
Inspiradas pelas páginas de um livro de Dorothy M. Johnson, mas também pelos relatos, desenhos e telas deixados por testemunhas presenciais da tradição ameríndia de antes da invasão branca –tais como, por exemplo, os pintores George Catlin e Carl Bodmer- certas sequências conferem a este filme de Elliot Silverstein o valor (ou quase) de um documento etnográfico. Essa impressão é, aliás, acentuada pela autenticidade dos inúmeros figurantes, recrutados, essencialmente, na comunidade Sioux de Rosebud, testamentária dos valores histórico-culturais da antiga nação de Sitting Bull, de Crazy Horse e de Red Cloud.
Outra garantia de veracidade, no que respeita a reconstituição do desaparecido modo de vida dos índios da Grande Pradaria, foi concedida ao filme «O Homem a Quem Chamaram Cavalo» pela colaboração e pelos conselhos prestados aos seus produtores por entidades tão prestigiosas e tão competentes nessa matéria como o são o Instituto Smithsonian, a Biblioteca do Congresso, o Museu de História Natural dos Estados Unidos ou a Sociedade de História do Estado do Dacota do Sul.
Enfim, no que respeita a história contada –a das aventuras e desventuras do rico e orgulhoso ‘sir’ John, um homem poderoso no seu país que «olhava toda a gente de cima para baixo, salvo Deus e o rei de Inglaterra» e que é obrigado, depois da sua penosa experiência de escravo dos Sioux, a revisar todos os conceitos de moral que regimentaram a sua existência- diga-se apenas dela que é tão original, que acabou por colocar este filme «admirável e único do cinema western (…) em margem do esquema e das preocupações tradicionais do género» (dixit Christian Bossuyt, in «50 Ans de Western»).
Quem nunca teve a ocasião de ver «O Homem a Quem Chamaram Cavalo» não deverá desperdiçar a primeira oportunidade que se lhe apresente para admirar este excelente trabalho. Nem que seja na TV ou no vídeo (uma cópia DVD já está editada no nosso país), embora, como é natural, o ecrã largo do formato original seja o ideal para apreciar, em toda a sua plenitude, esta preciosa fita de Silverstein.
Refiro, para terminar, que este filme é o primeiro ‘opus’ de uma trilogia consagrada às aventuras do tal lorde inglês em terras do Faroeste. Com efeito, perante o sucesso internacional da película, o cineasta Irvin Kershner rodou, em 1976, com o patrocínio da companhia United Artists, um digno retorno às pantalhas do ‘índio branco’, chamado «O Regresso do Homem Chamado Cavalo». A mesma qualidade já não tem a parte III desta saga, realizada em 1983 por um certo John Hough. Intitulada, entre nós, «O Triunfo do Homem Chamado Cavalo», esta derradeira fita é uma obra sem o mínimo interesse.
(M.M.S.)
Capturado pelos Sioux, 'sir' John Morgan (Richard Harris) entra na aldeia dos pele-vermelhas sob os apupos da população autóctone...
...e é oferecido à velha e irascível Buffalo Cow Head (Dame Judith Anderson)...
...que o utiliza como besta de carga
Cartaz italiano
O lorde inglês 'sir' John Morgan (Harris) é despromovido socialmente pelo chefe Sioux Yellow Hand (Manu Tupou), que lhe confere o estatuto de cavalo e o coloca ao serviço de sua mãe
Cópia DVD editada e comercializada em França
Esta 'lobby card' mostra uma das cenas choque da fita, ao ilustrar o momento em que John Morgan se submete -voluntariamente- aos brutais ritos iniciáticos dos seus captores...
...experiência que provoca a admiração dos Sioux; que a partir daí o passam a considerar como um dos seus
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