domingo, 15 de agosto de 2010

DRAMAS DA HISTÓRIA


Aqui há dias, folheando um dossiê onde conservo reproduções de cartazes de cinema, deparei-me com o suporte promocional deste filme intitulado (no original) «Captain Carey USA». Não me lembro de o ter visto, nem sei se alguma vez esta fita foi explorada comercialmente em Portugal. O pouco que sei dela é que foi realizada em 1950 por Mitchell Leisen, que tem Alan Ladd e Wanda Hendrix a interpretar os papéis principais e que conta a história de um oficial norte-americano que regressa a Itália depois do término da 2ª Guerra Mundial, para tentar desmascarar um traidor, cujas denúncias provocaram a morte de vários habitantes de uma aldeia. Devido, provavelmente, à similitude de nomes, lembrei-me logo do tenente Calley,o principal protagonista do massacre de My Lai (Vietnam), ocorrido no dia 16 de Março de 1968. Durante o qual uma unidade do exército dos E.U.A. assassinou friamente centenas de civis (sobretudo mulheres e crianças), ao estilo do que já fizera -um século atrás- o coronel George A. Custer aos povos ameríndios da chamada Grande Pradaria. Lembro que Custer foi o 'herói' de várias e contraditórias fitas hollywoodianas. Segundo li, a 'proeza' do tenente Calley também deverá ser, proximamente, contada num filme de Oliver Stone. Cá estamos, particularmente ansiosos e interessados, à sua espera


Algumas das muitas vítimas de My Lai, a martirizada aldeia vietnamita)


Soldado norte-americano pegando fogo a uma palhota de My Lai, acto proeminentemente cristão e civilizador. Mas não se pense que isto foi, ou é, típico dos militares ianques; porque se quisermos vasculhar o nosso passado recente, encontraremos actos similares praticados em África pelo exército salazarista, aquando das famigeradas guerras coloniais

A propósito de crimes de guerra, quero louvar o trabalho dos autores de um recente documentário da SIC (que eu tive a oportunidade de ver por duas vezes) sobre o rapto, pela tropa portuguesa, de um menino moçambicano, que responde pelo nome de João Sabadino Portugal. Embora triste e comovente, esta peça é bastante instrutiva e deveria ser vista por todos aqueles compatriotas que ainda têm dúvidas sobre o carácter desumano de um conflito que marcou a juventude do meu tempo. Juventude traída, enganada pela falsíssima ideia de que a Pátria se defendia nas picadas de Angola, nas matas da Guiné-Bissau ou em qualquer recôndito lugar de Moçambique...

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