quarta-feira, 22 de abril de 2015

«FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (36)

Esta fotografia (de autor que eu desconheço) foi tirada -em 30 de Dezembro de 1951- à comitiva oficial que esteve presente na cerimónia de inauguração da Ponte Marechal Carmona; obra de engenharia que franqueia o Tejo em Vila Franca de Xira e cuja construção constituiu um progresso assinalável nas ligações entre as duas margens do rio. Nela (na foto) se veem, à direita, Salazar -Presidente do Conselho de Ministros e senhor todo poderoso do Portugal ditatorial- o general Craveiro Lopes (então Presidente da República), o cardeal Cerejeira, líder da Igreja Católica e apoiante incondicional do Estado Novo e o engenheiro José Frederico Ulrich, que era, ao tempo, detentor do cargo de ministro das Obras Públicas e Comunicações. A Ponte Marechal Carmona -assim chamada em homenagem a outra figura grada da ditadura- media 1 224 metros de comprimento e era constituída (para além dos acessos) por cinco tramos metálicos com uma longitude 104 metros e 12 metros de largura cada um. O tabuleiro metálico, assim como os seus característicos 'arcos' foram construídos em Inglaterra e trazidos para Portugal por via marítima. A Ponte Marechal Carmona custou ao Estado 130 mil contos e foi a obra mais cara até então realizada pelo governo salazarista. Na opinião do engenheiro Duarte Pacheco, que esteve na origem do projecto, mas que faleceu antes da sua concretização, a ponte deveria ser de acesso gratuito a todos os utentes. Mas, os seus sucessores tinham outra opinião formada e decidiram aplicar portagens, cobrando inicialmente 5$00 por travessia. Os preços subiriam gradualmente para os 12$50, até que, em 6 de Agosto de 1966, a Primeira-Ministra Maria de Lurdes Pintasilgo os aboliu.

A GUERRA DAS MARCAS

Estas velhas publicidades (francesas) datam dos anos 50 do século passado. Do tempo em que começavam a sarar as feridas da 2ª Guerra Mundial e as massas populares -numa situação de pleno emprego- começavam a aspirar a bens de consumo que, até então, lhes eram inacessíveis. Como os automóveis, por exemplo. Aqui, são publicitados o Peugeot 203 e o Renault 'Dauphine', viaturas populares que eu bem conheci na minha juventude. No início da década de 60, o meu pai até adquiriu o segundo destes automóveis, que foi o primeiro carro da família... Em matéria de segurança e se comparados aos automóveis dos nossos dias, estes modelos eram veículos extremamente frágeis; mas os motores eram robustos, sem artifícios, e as suas avarias eram fáceis de reparar, mesmo por não-profissionais. Com alguns conhecimentos de mecânica, é certo ! Em França, nesse tempo, outras marcas rivalizavam com aquelas que eu aqui evoco, tais como a Citröen, a Panhard, a Simca, etc. Para além da concorrência estrangeira, naturalmente, que era forte. De modo que a escolha de um veículo não era tão fácil -como poderá parecer- por parte dessa nova franja de clientes, desejosos de aceder aos prazeres da vida. Que ela merecia, já que, na sua grande maioria, essa gente pertencia à classe operária; aquela classe que produzia riqueza e levantava -graças ao seu saber e ao seu esforço- a economia do país.

terça-feira, 21 de abril de 2015

FASCINANTE FOGO VERDE

A esmeralda é uma das mais mais belas pedras utilizadas em joalharia. O seu alto preço é justificado pela sua raridade e atinge no mercado internacional das gemas preciosas preços proibitivos, só acessíveis aos mais abonados. Algumas delas -de tamanho e pureza excepcionais- podem valer milhões de dólares. O principal produtor destas pedras preciosas é a Colômbia, país de onde proveem as esmeraldas mais belas do mundo.

ARENQUE, O REI DA FESTA

Tal como a sardinha das nossas costas é apreciada pelos portugueses, que lhe consagram autênticos festivais gastronómicos, o arenque é o peixe que, no tempo próprio, mais seduz os povos ribeirinhos do canal da Mancha e do mar do Norte; que o devoram com o mesmo deleite. Vivi para as bandas onde o arenque ('Clupea harengus') é rei e posso testemunhar das comezainas que ele por lá sustenta. Numa altura em que esse peixe é mais abundante e que está mais gordo. Em Dieppe -cidade portuária normanda do canal a que os britânicos chamam presunçosamente de St. George, o arenque é pretexto para festejos que têm atraído, certos anos, mais de 100 000 visitantes. Que ali afluem para devorar o clupeida em questão e para se atirarem, à sua custa, ao vinho branco, à cidra e à cerveja. Por essa altura do ano -meados de Novembro- no cais onde se situou, outrora, a gare marítima internacional, respira-se a espessa fumarada das assadas e é quase palpável o bulício provocado pelos grupinhos de amigos que por lá aparecem para petiscar, beber uns copos, conviver. É, para além do Verão (Dieppe é uma estância balnear afamada), o melhor momento para o comércio local. Geralmente, o arenque é, nesta ocasião, degustado grelhado, acompanhado com batatas cozidas e sem cerimónias. Mas também se pode provar marinado (uma delícia), fumado (o chamado 'frango de Dieppe'), em saladas compostas e de muitas outras maneiras. Enfim, o arenque é o rei da festa !

Receita da Salada de Arenques à Moda de Dieppe : Numa travessa, faça um leito com alfaces frescas, sobre o qual colocará batatas cozidas cortadas (como na imagem), pequenos cubos de tomate sem grainhas, 2 ou 3 ovos cosidos cortados aos quartos, gambas descascadas e troços de arenque fumado. Regue tudo com um bom óleo vegetal (*), sumo de limão e tempere com sal a gosto e com uma mistura de '5 especiarias' do comércio. Acompanhe com um vinho branco seco e bem fresquinho ou, preferencialmente, com um copo de boa cidra normanda.

(*) geralmente não se utiliza azeite nesta receita, pelo facto deste produto não ser típico da cozinha tradicional normanda.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

CINE-SAUDOSISMO (11)

«UM ASSASSINO PELAS COSTAS» («Duel») foi rodado, no ano de 1971, por Steven Spielberg, em apenas 13 dias. Inicialmente destinado à TV, este trabalho obteve tal sucesso, que o departamento de televisão dos estúdios Universal, que o produziu, decidiu projectá-lo nas salas de cinema. Onde o êxito se confirmou e culminou com a atribuição do Grande Prémio do Festival de Avoriaz, em 1973. «UM ASSASSINO PELAS COSTAS» (que já é considerado um clássico do 'suspense') conta-nos a história de um caixeiro viajante que, durante um dos seus périplos profissionais pelas estradas da Califórnia, é alvo -na sequência de uma ultrapassagem- do ataque furioso de um misterioso camionista. Começa, então, um duelo mortal entre o inofensivo automobilista e o motorista de um monstro das estradas; que vai  empenhar-se na destruição, a todo o custo, do seu minúsculo rival.  São 92 minutos de angústia e de cenas raramente vistas até então; que deixam os espectadores paralisados pelo medo e por um fim que, se adivinha, não será banal. Grande fita de um cineasta que, ao tempo da sua realização, contava apenas 25 anos de idade e carecia de experiência. Do elenco contratado pela produtora só o nome do actor Dennis Weaver tinha alguma relevância.

RECORDANDO AL-MU'TAMID, O REI-POETA


Al-Mu'tamid (1040-1095) nasceu em Beja , no Alentejo islâmico, viveu em Silves e foi rei de Sevilha. Foi deportado pelos seus correligionários para o actual Marrocos, onde veio a falecer. Este é o túmulo em Aghmat (perto de Marraquexe), onde está sepultado ao lado de sua esposa e de sua filha. O seu modesto mausoléu foi mandado erigir em, 1967, pela família real marroquina. O Dr. Jorge Sampaio, então presidente da República Portuguesa, prestou homenagem a este rei-poeta em 1998, aquando de uma sua visita a Marrocos. Aqui vos deixo uma das suas poesias :


............  Como falar de ti Silves

                  Sem que uma lágrima me caía

                  Como a do enamorado enternecido.

                  Ou de ti, Sevilha,

                  Sem um suspiro de ansiedade?

                  Sois terras vestidas, pela chuva fina,

               
                  Com a túnica da mocidade,

                  A mocidade que se desvaneceu

                   Quando me furtou meus amuletos

                  Assaltou-me a memória dos amores ardentes

                  Como se me consumisse um lume violento,

                   No mais profundo deste meu coração.

               
                   Oh noites minhas de antigamente!

                   Que me importavam censuras dos críticos!

                   Nada me desviava do amor mais louco.

                   A insónia vem-me de uns olhos lânguidos.

                   E sofro por uma silhueta de esbelto talhe...

                                                                 

                                                                       Al-mu’tâmid

PORTO, REI DOS VINHOS LICOROSOS

Este bonito cartaz publicitário de uma grande marca de vinhos do Porto, destinou-se ao mercado francês; onde os preciosos néctares do vale do Douro sempre tiveram grande aceitação. «Voulez-vous dégusterer un verre de porto avec moi, Madame ?».