quinta-feira, 30 de maio de 2013

FOME DE CEREJAS

A cereja é (talvez em pé de igualdade com a laranja) o meu fruto preferido. Assim, quando me reinstalei na minha aldeia natal (depois de lá ter saído aos 3 anos de idade), quis plantar no meu quintal duas cerejeiras. Isso, apesar de todos os entendidos me terem avisado que a região onde vivo -a charneca alentejana- não tinha condições minimamente favoráveis ao desenvolvimento produtivo dessas árvores. Que até se dão muito bem nas zonas -tão próximas- de Portalegre e de Marvão. A verdade é que as minhas árvores se desenvolveram bastante bem. Até que uma delas secou. Subitamente e apesar de nunca lhe ter faltado água. A outra ainda vive e está bonita de se ver. Em anos precedentes chegou a frutificar, a dar cerejas açucaradas, embora a sua produção nunca tenha excedido os 2 quilitos. E este ano apenas me deu 2 ou 3 frutos. Que a passarada papou logo que avermelharam. Não estou desiludido, mas estou agora convencido de que nunca tirarei da minha única cerejeira outro prazer senão o de a ver crescer e verdejar na altura própria. A minha terra não tem condições climatéricas que convenham às cerejeiras. É um facto comprovado. E, assim, terei de continuar a saborear os frutos de outras procedências. Da serra da Gardunha (situada a uns bons 120 km a norte da minha região) ou de Resende, por exemplo. Que são excelentes, embora este ano as cerejeiras dessas regiões tenham tido uma produção inferior de 50% inferior à dos anos precedentes. Devido a condições de tempo desfavoráveis, que provocaram, naturalmente, uma subida significativa do preço desse produto de excelência. Na Alta Normandia (França), onde residi muitos anos, tinha a escassos quilómetros de minha casa uma localidade afamada pela qualidade excepcional das suas cerejas. Essa localidade, ribeirinha do Sena, chama-se Jumièges e é, igualmente, conhecida pelas imponentes ruínas da sua abadia benedictina. Que foi fundada num tempo em que Portugal ainda estava longe de existir enquanto nação independente. Mas isso é outra história...

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