sábado, 19 de novembro de 2016

HOMENAGEM A FERNÃO DE MAGALHÃES, QUE À TERRA FOI O PRIMEIRO A DAR A VOLTA


Esta figura -aqui imortalizada na pedra desse extraordinário monumento que é o Padrão dos Descobrimentos- representa Fernão de Magalhães. Que foi, porventura, o mais insigne marinheiro e um dos mais ilustres capitães desta velha nação de navegadores e de guerreiros. Membro de uma família da pequena fidalguia nortenha, Fernão terá nascido (na Primavera de 1480) na pequena localidade hoje chamada Paço Vedro de Magalhães, situada não muito longe de Ponte da Barca. Mas a sua naturalidade também é reivindicada pelo Porto, por Vila Nova de Gaia, por Sabrosa e por outras cidades e vilas, que gostariam de ter a honra de o contar entre os seus filhos mais dilectos. Magalhães veio a falecer, combatendo, no dia 27 de Abril de 1521, numa praia da ilha filipina de Cebu. Tinha, então, 41 anos de idade e encontrava-se ao comando do que restava da expedição de 5 navios (espanhóis), que empreendeu -segundo as suas ideias e planos- a primeira viagem de circum-navegação da Terra... Ao serviço do reino de Portugal, Magalhães esteve na Índia (onde participou nalgumas das mais renhidas batalhas navais que os Portugueses ali travaram, como a de Cananor, onde foi ferido, e no combate decisivo de Diu ), nas Molucas e acompanhou, em 1511, o grande Afonso de Albuquerque na conquista de Malaca. De regresso do Oriente, serviu na Praça de Azamor (norte de África), onde também foi ferido num combate contra os mouros. Em meados de 1514 encontrava-se em Lisboa, onde, por causa do aumento de uma tença (que ele julgava merecer) se zangou com D. Manuel I. E, em 1517, já estava no reino vizinho, onde (com a ajuda do bispo de Burgos) submeteu os seus audazes planos de viagem à volta do mundo ao imperador Carlos V. O resto da história é sobejamente conhecido. E o facto de ele ter morrido antes de terminado esse fantástico périplo, através dos três mais vastos e perigosos oceanos do planeta, em nada diminuiu a sua façanha; que foi feita de actos de valentia e do saber científico que acumulara ao longo dos seus curtos anos de vida. Ainda hoje, o nome de Fernão de Magalhães é respeitadíssimo e considerado. Muita gente, incluindo a maioria dos historiadores que se debruçaram sobre a sua vida e as suas viagens, o consideram o maior navegador de todos os tempos. E ele é-o, sem favor. Basta recorrer ao testemunho de Pigafetta -cronista que sobreviveu à tormentosa navegação à volta do globo- para nos apercebermos da qualidade do homem em questão e do legado que ele deixou à humanidade. Que é unânime em reconhecer no nosso Fernão de Magalhães uma das grandes figuras da História Universal. Em relação a Fernão de Magalhães só não percebo uma coisa : porque é que o seu nome nunca foi dado a um navio da nossa armada ? -Foi-me respondido, aqui há tempos, que isso ficou a dever-se à 'traição' de ter servido, durante os seus derradeiros anos de vida, os interesses dos nossos rivais ibéricos. Desculpa que não deixa de ser extraordinária ! E que mete em causa todos aqueles portugueses que, numa fase difícil da sua existência, deixaram este país para rumar ao estrangeiro; onde encontraram melhores condições para concretizar as suas legítimas ambições e para realizar os seus projectos. Se é só por isso, bem podem os nossos almirantes limpar as mãos à parede... Porque ostracizar o nome do maior marinheiro de toda a História da navegação à vela é absolutamente indigno. Enfim, tens de contentar-te Magalhães com o facto de teres o teu nome inscrito na fuselagem de um jacto da TAP ou por teres dado o teu apelido a uma nave espacial da NASA. Por teres dado o teu nome a um estreito que liga o Atlântico ao Pacífico ou a uma província do Chile. Por teres deixado o teu nome (e o das tuas origens, obviamente) a uma espécie de pinguins da América do Sul, a uma nebulosa, a um ponto geográfico do nosso satélite natural, etc. Só da armada portuguesa tu não levas nada. Embora tenhas demonstrado a tua valentia e derramado o teu sangue em batalhas gloriosas disputadas nos mares do Oriente e nas fortalezas assediadas de Marrocos. Aguenta herói !


«A Igreja diz que a Terra é achatada, mas eu sei que ela é redonda, porque vi a sua sombra projectada na Lua; e eu acredito mais numa sombra do que na Igreja».

(Frase atribuída a Fernão de Magalhães, navegador português dos séculos XV e XVI)

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