terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS



De chorarem os palácios é chegada a hora
Pois as próprias pedras se lamentam.
Ó tu que vais onde a Clemência mora,
Esperando pôr fim às mágoas que atormentam,
Diz ao Príncipe quando chegares às suas portas:
Pastor! Olha as tuas ovelhas quase mortas
Que ficam sem prado para pastar;
Deixaste-as à mercê de muitas feras.
Um paraíso, minha Silves, eras.
Tiranos te lançaram ao fogo do inferno
O castigo de Alá parecendo desprezar:
Porém, nada é oculto para o Eterno.
 
Estes versos são da autoria  de Ash-Shilbia (séculos XII e XIII), poetisa muçulmana da época Almóada. Natural da cidade de Silves, era admirada pelos seus dotes literários e pela sua intervenção cívica e social. O poema aqui apresentado é prova disso, já que transmite -ao rei Yaqub Al-Mansur- o descontentamento dos seus súbditos, perante a dureza dos impostos e taxas que sobre eles são lançados.  

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