Ando há meses para fazer uma viagem a Ílhavo e à Gafanha da Nazaré por várias razões : visitar a exposição patente (até dia 15 de Outubro) no Museu Marítimo da primeira dessas cidades, que se intitula «Frota de Paz nos Mares em Guerra», conhecer um pouco melhor a zona da ria de Aveiro e tirar uns ‘retratos’ ao «Árgus», o lugre bacalhoeiro resgatado de um porto das Caraíbas –pela firma Pascoal & Filhos- e prometido a um restauro que lhe devolva a silhueta e a aura do velho bacalhoeiro da Parceria Geral de Pescarias. Um navio que me é familiar desde a minha tenra idade, por eu ter residido, durante muitos anos, nas proximidades da Azinheira Velha (Telha, Barreiro) e que eu conheci, como é óbvio, ao mesmo tempo que os seus parceiros de fundeadouro (no rio Coina) «Creoula», «Gazela 1º» e «Hortense».
Fiz essa viagem ontem e, confesso, que regressei ao Alto Alentejo, região onde nasci e agora resido, bastante frustrado. Primeiramente, porque o dia, demasiado chuvoso e desagradável, me roubou a possibilidade de trazer as fotografias que eu havia planeado tirar naquela bonita região da ria de Aveiro; depois, porque nessas circunstâncias, nem sequer tive a ocasião de avistar o supracitado navio; isto, por ter sido literalmente corrido da Gafanha da Nazaré por um inoportuno e persistente aguaceiro. De modo que me sinto defraudado.
Aproveitei (e bem) a visita ao supracitado espaço museológico, que eu visitara há alguns anos, antes da completa remodelação que, entretanto, sofreu. Para melhor, muito melhor. A exposição, acima referida, é muito interessante e só peca pelo facto de não dispor de um catálogo, que permita ao visitante guardar uma recordação material da dita. E já que falo disso, é também uma pena, na minha modesta opinião, que nenhum intelectual, interessado pelo rico e humano tema da pesca do bacalhau, tenha pesquizado sobre o assunto e transposto para livro os dramas impostos aos nossos navios bacalhoeiros, tripulações e respectivas famílias durante as duas guerras mundiais. Mas, talvez um dia, isso possa aconteçer. –Quem sabe ?
Seria injusto se eu não ressalvasse o facto de, durante esse molhado giro, me ter sido dada a oportunidade de almoçar no mais reputado restaurante da Mealhada, especializado, naturalmente, no leitão à moda da terra. E que é uma delícia !
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