terça-feira, 27 de setembro de 2016

LEMBRANDO PAULETA, O 'CICLONE DOS AÇORES'

Pedro Miguel Carreiro Resendes, natural de Ponta Delgada, cidade onde se iniciou a jogar futebol, foi um dos praticantes portugueses da modalidade que mais me fascinou; embora eu tenha de confessar, que nunca o vi evoluir, num estádio, ao vivo. Tendo recebido a alcunha de seu pai, também ele futebolista (amador), Pauleta encantou os seus fãs pela sua 'arte', mas igualmente pela sua atitude naturalmente modesta, que contrasta com a de outros ídolos do futebol, que parecem ter 'um rei na barriga' e que adoptaram, na vida, uma atitude que, muitas vezes, os desvirtua aos olhos dos amantes da disciplina desportiva mais popular do mundo. Paradoxalmente, Pauleta nunca jogou num clube nacional de primeiro plano. E a sua nomeada começou a desenhar-se no estrangeiro, quando esteve ao serviço do Salamanca, do Deportivo da Corunha e dos clubes Girondins de Bordeaux (vulgo Bordéus) e Paris-Saint Germain. Onde fez uma brilhantíssima carreira e onde deu nas vistas para aceder à chamada 'selecção das quinas'. A sua vida futebolística esteve repleta de sucessos e de golos. Neste último capítulo, refira-se que, na selecção, chegou a bater o recorde do fenomenal Eusébio ! Mas nunca fez alarde dessa sua veia goleadora, devido a uma quase timidez natural, muito louvada pelos seus admiradores; que apreciavam, muito particularmente, essa sua virtude de homem simples, que nunca esqueceu as suas raízes de rapaz pobre. Rapaz humilde do bairro periférico de São Roque, que os deuses do futebol, rendidos ao seu talento, quiseram prendar com uma energia e com uma habilidade invulgares na prática do desporto-rei; desporto que tanta paixão e tanto gozo proporciona às multidões que, semanalmente, enchem os estádios e torcem pelos seus clubes e pelas respectivas vedetas. Foi um prazer dedicar estas linhas a um homem, a um desportista, que nunca esqueceu a sua ilha de São Miguel e que -por cada tento marcado- a evocava (assim como o resto da terra açoriana), imitando o voo majestoso do açor. Bem-hajas Pauleta, por teres sido um dos grandes futebolistas do teu tempo e um homem destituído de presunção. Que tenhas uma vida feliz.

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