segunda-feira, 16 de março de 2015

DIVAGANDO SOBRE O CINEMA QUE EU GOSTO

Adoro cinema. De todos os géneros, de todas as épocas e de todas as origens. O importante para mim, é que os filmes que vou vendo despertem o interesse do ser humano que eu sou e toquem a sensibilidade do cinéfilo que mora em mim. Fico plenamente satisfeito e recompensado quando surge na pantalha a palavra 'fim', e eu dou por bem empregues os tostões que gastei no bilhete de ingresso e, sobretudo, quando eu acho que foi útil o tempo da minha vida que usei para assistir ao espectáculo. Isto do gosto pelos filmes tem que se lhe diga. Não há gostos coincidentes. Se eu estabelecesse aqui a lista das fitas que mais gostei de ver, talvez os visitantes deste blogue 'de coisas e loisas' ficassem espantados. Porque nessa circunstância, todos nós somos diferentes e surpreendentes. Uma vez encontrei em Paris (onde eu então trabalhava) um senhor galego (com idade de ser meu pai) que me falou entusiasticamente das suas películas preferidas : as de Buck Jones, um herói de 'coboiadas' hollyoodescas dos anos 20/30. Películas típicas daquele tempo de transição do cinema mudo para o cinema sonoro. Por respeito, não lhe disse que detestava esse género de cinema, que eu, pretensiosamente, considerava primário e tão fora de moda como as pantufas da minha avó. E que, em matéria de westerns, eu só gostava dos filmes que surgiram a partir de «A Cavalgada Heróica», realizado por Ford em 1939. Filme que é considerado -por muitos críticos- o primeiro western adulto, o primeiro a ultrapassar o maniqueísmo tradicional das fitas de cowboys e a propor ao público algo de novo, de mais consistente... Mas não disse nada disto ao tal senhor, porque a conversa não deu para ele me explicar o porquê dessa sua surpreendente escolha; e também porque as suas razões deveriam ser fortes, visto o homem não ser propriamente um primário, pois até fizera (ao que me foi dito) estudos universitários. Coisa que eu não fiz... Depois de todo este palavreado, estou a lembrar-me do que eu queria aqui (e agora) falar era mesmo de um filme que vi quando era mais jovem e sobre o qual nunca mais pus a vista em cima. Pergunto-me bem porquê ? -Trata-se de uma película italiana, realizada em 1977 por Luigi Magni, que a intitulou «In Nome del Papa Re». Estou admiradíssimo pelo facto (estranho) dessa fita nunca ter tido por cá uma edição videográfica, apesar do seu indesmentível valor cinematográfico e do seu grande interesse temático. O enredo decorre em Roma, no ano de 1867, quando o poder temporal do papa se encontra ameaçado pelas tropas garibaldianas, que cercam a cidade. E a história começa assim : a condessa Flamínia, é recebida por monsenhor Colombo, um juiz do Sacro Colégio, que tem direito de vida e de morte sobre todos os súbditos de Pio IX. A nobre senhora vem suplicar-lhe que salve o filho (ameaçado por um julgamento que deixa adivinhar uma condenação à pena capital)  que ambos conceberam, vinte anos atrás, durante uma pecaminosa ligação amorosa... Drama de fundo histórico verdadeiramente excepcional, esta película ilustra na perfeição a atmosfera reinante no Vaticano, nas semanas que precederam a derrocada dos estados pontificais e o fim do poder temporal dos papas. Com Nino Manfredi, Carmen Scarpitta, Danilo Mattei, Salvo Randone, Carlo Bagno, etc. A ver absolutamente. Isto, naturalmente, se alguma vez um dos nossos editores tiver a feliz ideia de o comercializar por cá. Por enquanto, e que eu saiba, o DVD deste filme só está disponível em Itália e em Espanha. Mas sem legendagem na nossa língua.

Aqui deixo, no entanto, uma amostra de «In Nome del Papa Re», que um cinéfilo nostálgico deixou, em boa hora, no 'You tube' :

https://www.youtube.com/watch?v=YF1Pc54NRew

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