domingo, 30 de agosto de 2015
CINE-SAUDOSISMO (27)
«NÃO HÁ PAZ ENTRE AS OLIVEIRAS («Non C'è Pace Tra Gli Ulivi») é uma película de produção italiana (Lux Film) com realização -em 1950- de Giuseppe de Santis. O desempenho dos principais papéis coube a Raf Vallone, Lucia Bosè, Folco Lulli, Maria Grazia Francia e Angelina Chiusano. Esta fita tem fotografia a preto e branco e uma duração de 100 minutos. Não lhe conheço videogramas editados fora de Itália e com dobragem e/ou legendas em língua estrangeira. Só o vi uma única vez, há muitos anos, numa transmissão televisiva fora de Itália. Acusado de cultivar o melodrama popularucho, o realizador de Santis afirmou que não concebia o cinema para meia dúzia de espectadores elitistas e que o seu maior desejo era ser compreendido por todos. Também lhe foi reprovado (provavelmente por ser notoriamente conhecido pelas suas simpatias comunistas) o facto de, na sequência final desta sua fita, ter elaborado um «discurso de propaganda à glória da solidariedade de classe». Enfim, políticas !... A acção decorre numa zona rural da Ciociaria, situada ao sul de Roma, onde Francesco, há pouco desmobilizado do exército, vai encontrar a sua família despojada dos seus bens (nomeadamente dos seus rebanhos) pelo novo rico Bonfiglio; que também pretende roubar-lhe Lucia, a mulher que ele ama e deseja desposar. A rivalidade entre os dois homens descamba em violência aberta, quando a irmã de Francesco é violada e as relações entre eles começa a tornar-se uma questão de honra. Que, naquele tempo e naquele lugar é importante, é indispensável lavar com sangue... Mais do que um banal drama de faca e alguidar, «NÃO HÁ PAZ ENTRE AS OLIVEIRAS» é um filme bem documentado sobre os costumes rígidos de uma sociedade rural que, passado meio século, já não é, naturalmente, aquilo que foi outrora. Outro dos seus méritos é beneficiar de um elenco constituído por actores de grande classe, encabeçado pelo trio constituído por Vallone, Lucia Bosè (ex-miss Itália que, em 1956, trocaria o cinema pelo casamento com o toureiro espanhol Luis Miguel Dominguín) e Folco Lulli. Arriscando repetir-me, quero dizer, para terminar estas linhas, que acho insano o facto desta película continuar coisa incógnita para os jovens cinéfilos. Por não haver por aí um editor de videogramas que queira arriscar na sua divulgação.
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