terça-feira, 13 de dezembro de 2016
UM LIVRO QUE GOSTAREI DE VOLTAR A LER
Sempre apreciei Alves Redol, escritor que foi um dos introdutores do neo-realismo na nossa literatura. Acho que li todos os seus romances importantes, que são muitos : «Gaibéus», «Fanga», «Avieiros», «Barranco de Cegos», etc. Mas «Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos» ganhou um lugar especial no meu coração. Pela forma como o autor lida com os devaneios da infância rural; com os sonhos de uma meninice despreocupada, vivida numa aldeia, onde ir aos ninhos, chapinhar livremente nos ribeiros, correr atrás dos rebanhos ou ir 'roubar' fruta às hortas (mesmo quando ela não faltava em casa) foram experiências que, apesar da sua singeleza e da sua inocência, marcaram vidas para sempre. Também eu vivi (quando miúdo) momentos assim, durante os dois anos inteiros que passei num ignoto lugarejo da charneca alentejana... Talvez que até venha desse tempo e dessa vivência a minha identificação com esta obra do escritor ribatejano e com a sua figura nuclear : Constantino Cara-Linda. Quem sabe ? -A verdade é que, aqui há dias, me assaltou a ideia, o irreprimível desejo, de voltar a ler o supracitado romance. Será isto pieguice de um homem que já entrou no inverno da vida e que entende desfrutar, de novo e pela última vez, de alguns dos bons momentos (neste caso de leitura) que vivenciou ? É possível ! A verdade é que me vou empenhar, proximamente, na leitura dessa obra. Para (quem sabe ?) me rejuvenescer, para limpar a alma. Como Constantino fazia com os seus mergulhos no Trancão e, depois de refrescado, se punha a sonhar ser 'serralheiro de barcos' e, com eles, chegar mais além da sua aldeia, de Lisboa e dos seus sonhos. Já agora, recomendo a quem não leu a obra de Redol, descobrir esta pequena maravilha da literatura portuguesa do século XX. Que nos remete para Mark Twain. Embora o remansoso rio Trancão não seja propriamente o Mississippi, o temperamental 'Pai das Águas'...
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