Um Homem
De repente
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda
** António José Forte (1931-1988), in «Uma Faca nos Dentes». Poeta português, natural da Póvoa de Santa Iria, ligado ao movimento surrealista. Foi um dos membros integrantes do Grupo do Café Gelo. Desempenhou funções profissionais na Fundação Gulbenkian e nas Bibliotecas Itinerantes. Manteve colaboração com vários jornais e revistas e deixou-nos o essencial da sua poesia nos livros «Uma Faca nos Dentes» (que foi prefaciado pelo seu amigo Herberto Hélder) e «Uma Rosa na Tromba de um Elefante», este destinado a um público infanto-juvenil. Faleceu em Lisboa com 57 anos de idade **
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda
** António José Forte (1931-1988), in «Uma Faca nos Dentes». Poeta português, natural da Póvoa de Santa Iria, ligado ao movimento surrealista. Foi um dos membros integrantes do Grupo do Café Gelo. Desempenhou funções profissionais na Fundação Gulbenkian e nas Bibliotecas Itinerantes. Manteve colaboração com vários jornais e revistas e deixou-nos o essencial da sua poesia nos livros «Uma Faca nos Dentes» (que foi prefaciado pelo seu amigo Herberto Hélder) e «Uma Rosa na Tromba de um Elefante», este destinado a um público infanto-juvenil. Faleceu em Lisboa com 57 anos de idade **
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