D. João Peculiar nasceu na cidade de Coimbra, em data incerta de finais do século XI ou inícios da centúria seguinte. Foi, sucessivamente, bispo do Porto, arcebispo de Braga e primaz das Espanhas. Dele se diz (mas deve ser lenda, visto não haver registos escritos sobre o assunto) que terá coroado D. Afonso Henriques -1º rei de Portugal- nas supostas Cortes de Lamego. Sabe-se, e isso é certo, que estudou na sua cidade natal e em Paris e que, em 1123, fundou o convento de São Cristóvão de Lafões. Foi Peculiar quem organizou o decisivo encontro entre Afonso Henrique e seu primo Afonso VII, rei de Leão e Castela e imperador da Hispânia, que redundou no Tratado de Zamora e, finalmente e como é sabido, na independência do Reino de Portugal. D. João Peculiar passou, desde logo, a acompanhar o rei nas suas andanças e campanhas militares, assistindo-o (religiosamente) na conquista de Lisboa, em 1147. Para tentar que o papa Inocêncio II e a Santa Sé reconhecessem o novo rei, na pessoa de D. Afonso I, Peculiar deslocou-se a Roma 14 vezes ! Em vão, já que esse reconhecimento do Vaticano só chegaria no reinado de Alexandre III. O primaz das Espanhas finou-se em 3 de Dezembro de 1175 e foi sepultado na sé de Braga. D. João Peculiar foi -honra lhe seja feita- uma das grandes figuras da nossa História medieva.
Estátua levantada na cidade de Braga em homenagem ao mais conhecido dos seus arcebispos (ilustração de topo). Em baixo, selo emitido em 1147, aquando das comemorações do 7º Centenário da Conquista de Lisboa, mostrando D. João Peculiar (de báculo) ao lado de D. Afonso Henriques, aceitando a submissão dos mouros.
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