O debate entre o actual primeiro-ministro e o líder do P. S., transmitido, ontem, em directo, por tudo o que era canal de televisão, foi de uma monotonia e de uma tristeza sem nome. Tanto mais, que esse frente-a-frente nada de novo acrescentou ao que nós já sabíamos e não nos reservou surpresas. Só o facto dos dois candidatos terem perdido tempo a falar de um ex-governante, acusado de uma série de crimes graves (que o mantém em prisão domiciliária), é que verdadeiramente me confundiu. Porque se perdeu tempo a falar de um indivíduo que não interessa minimamente a quem irá votar. Enfim, para além disso, aquilo foi Passos Coelho -com o despudor que o caracteriza- a pedir a atenção dos telespectadores para a 'obra feita' durante o mandato que agora termina. Que, só os nossos compatriotas mais distraídos, não veem, que foi o período mais sombrio da História do Portugal democrático. Com ferozes cortes nos salários e pensões, com despedimentos maciços na função pública, com o crescimento exponencial do desemprego, com a pobreza a instalar-se duradoiramente nas famílias com menos recursos, com o trabalho precário e pago miseravelmente a generalizar-se, com o aumento das taxas e dos impostos, com a dívida externa a disparar, com a emigração de centenas de milhar de portugueses, com menos recursos para a saúde, com menos dinheiro para a educação, com menos verba para a cultura, com menos meios para fazer respeitar as leis e assegurar a manutenção da ordem. É esse o balanço que eu vou ter em conta (e grande parte dos Portugueses igualmente) e não as falsas proezas governativas do elenco PSD/CDS, nem o novo rol de promessas que Passos agora nos faz. E que, passadas as eleições, arriscamos ver 'esquecidas', como aconteceu há 4 anos atrás. Quanto às promessas de António Costa também não me convenceram, não me seduziram. Acho que aquilo é mais do mesmo. Talvez até pelo facto do P. S., onde tenho muitos amigos, ter o mau hábito de só ser de esquerda, quando está na oposição. Porque, nestes últimos 40 anos, quando esteve no governo, sempre fez aquilo que a direita nacional não desdenharia fazer : gerir a crise. Por essas razões (e mais algumas outras), no dia 4 de Outubro vou dar o meu voto a um outro partido concorrente. Que mereça a minha confiança e o meu respeito !
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