Antes da invenção da imprensa, os livros existentes eram propriedade, na sua quase generalidade, de mosteiros e conventos; onde, aliás, viviam e trabalhavam comunidades inteiras de monges, que se dedicavam à árdua tarefa de copiar, ilustrar e encadernar (à mão, obviamente) os manuscritos que lhes eram confiados para o efeito. Eram, naquele tempo e essencialmente, obras de carácter religioso ou tratados de natureza enciclopédica, tais como livros de medicina, de botânica, crónicas de reinados, relatos de batalhas, etc. Presumo que, nessa recuada época, o sonho das raras pessoas que liam era poder dispor das suas próprias bibliotecas. Era poderem ter, ali à mão de semear, esses vectores do saber, prontos para serem consultados quando muito bem lhes aprouvesse. Mas isso -à excepção da entidade religiosa, como já referi- só foi possível a partir de 1539, que é, segundo a tradição, o ano da genial invenção de Gutenberg.
Já no nosso tempo, -o tempo da imagem cinematográfica- aconteceu algo de similar. Antes que os videogramas com as cópias dos nossos filmes preferidos aparecessem nas mãos dos particulares, eu (e presumo que muitíssimos outros cinéfilos) já havia sonhado com a minha própria videoteca; onde, numa estante, ao alcance do meu braço, eu pudesse ir buscar o filme que me desse na real gana de visionar; sem esperar que o dito fosse programado (se alguma vez isso acontecesse) pela televisão. Esse sonho concretizou-se nas últimas décadas do século XX e no que respeita as filmografias de todos os países do mundo. Melhor, é agora fácil (basta ter dinheiro para tanto, o que é muitas vezes o mais difícil) adquirir DVD's com documentos filmados há um século e reportando-se a eventos que, anteriormente, só eram acessíveis a um número restrito de pessoas. Um deste dias deparei-me com uma colecção de videogramas que contém imagens e comentários de algumas dessas ocorrências, que foram notícia. Como, por exemplo, a 'tournée' (no início do século passado) do Circo de Buffalo Bill pela Europa, onde os seus espectáculos foram vistos e aplaudidos pelas cabeças coroadas do velho mundo; como a partida e a chegada do primeiro voo transatlântico sem escalas, realizado por Charles Lindbergh; como os ensaios atómicos feitos pelos norte-americanos no atol de Bikini; como o funeral do malogrado presidente John Kennedy, depois do seu inacreditável assassínio em Dallas; ou como o incêndio e queda do dirigível alemão «Hindenburg» nos arrabaldes de Nova Iorque, nos anos 30, etc. -Não acham isto simplesmente maravilhoso ?
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