Li os livros que formam a chamada 'Trilogia Indianista', de José de Alencar, ainda muito jovem...
Num tempo distante, em que os rapazes e as moças deste país que é o nosso ainda se dedicavam ao inexcedível prazer da leitura. «Ubirajara», que é o derradeiro opus dessa magnífica série literária dedicada ao índio brasileiro, fala-nos do 'Senhor da Lança', um guerreiro araguaia, que é aqui descrito e idealizado, por um Alencar desejoso de (através dos seus livros) realçar os primitivos povos da sua pátria, que, sem serem bons selvagens, também não eram, certamente, os animais ferozes descritos pelos primeiros colonizadores das selvas brasílicas. A trama desta obra desenrola-se numa época anterior à chegada dos brancos; que segundo o referido autor desnaturaram o 'homo americanus' e projectaram dele uma imagem imerecida, desajustada da realidade. Como para, assim, tentarem camuflar os seus próprios pecados no inexorável processo de (quase) extinção do ameríndio.
Aqui deixo um extracto de «Ubirajara» (cuja leitura recomendo vivamente), livro que está escrito numa prosa bela, ímpar, verdadeiramente digna de um dos maiores mestres da língua portuguesa :
«Do outro lado da campina assoma um guerreiro.
Tem na cabeça o canitar de plumas de tucano e no punho do tacape uma franja das mesmas penas.
É um guerreiro tocantim. De longe avistou Jaguarê e reconheceu o penacho vermelho dos araguaias.
As duas nações não estavam em guerra, mas sem quebra de fé pode um guerreiro cansado do longo repouso, oferecer a outro guerreiro combate leal...».
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