segunda-feira, 14 de setembro de 2015
ESTA LÍNGUA PORTUGUESA...
Na minha aldeia, como em muitas outras terras deste país que é o nosso, ainda hoje se chama calhandreira a uma mulher que gosta de se intrometer na vida alheia, não hesitando em tecer comentários (geralmente feitos à falsa fé) sobre os seus vizinhos e conhecidos. Segundo os estudiosos da língua portuguesa, o adjectivo em questão -calhandreiras, no plural- deriva de bacio, vaso de noite ou calhandro, tem origem lisboeta e era o termo com o qual se designavam as serviçais (geralmente escravas negras) que -numa cidade antiga e ainda sem rede de esgotos- iam, quotidianamente, despejar, no Tejo, as penicadas de excrementos produzidos pelas famílias nobres e/ou ricas que as empregavam. Mulheres essas que, depois de cumprida essa desagradável tarefa, se demoravam a conversar (ou melhor, a cochichar) umas com as outras, contando e comentando, episódios que observavam e ouviam nas casas onde serviam.
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