quinta-feira, 29 de setembro de 2016
PÁGINAS ESQUECIDAS DA NOSSA HISTÓRIA
Este monumento -conhecido pelo nome de obelisco de Algalé- foi erigido no preciso lugar onde foram fuzilados 26 oficiais do exército liberal, depois do desaire do vale de Algalé (perto de Alcácer do Sal), frente às tropas miguelistas. Passou-se esse episódio durante a guerra civil (1832-1834), que opôs as forças do absolutista D. Miguel aos exércitos de D. Pedro, seu irmão e adepto de uma monarquia constitucionalista. A batalha de Algalé travou-se no dia 2 de Novembro de 1833 e constituiu uma vitória incontestável dos miguelistas, cujo exército -comandado pelo general José António de Azevedo Lemos- conseguiu empurrar o inimigo para uma zona lodosa, onde este, atascando-se, não pôde manobrar e sofreu as consequências do seu erro táctico. Não se sabe qual foi o número de vítimas desta batalha também chamada de Alcácer do Sal, mas, referem alguns historiadores, que as perdas dos liberais foram mais do que as sofridas pela mesma facção em todos os outros combates da guerra civil; conflito também chamado Guerra dos Dois Irmãos. Reza ainda a História, que os 26 oficiais sumariamente executados em Algalé, foram vítimas de vingança pelo que ocorrera -a 14 de Agosto de 1833- em Panóias (Ourique), após um combate travado entre os dois exércitos e levado a melhor pelos liberais; que, no final da peleja, exerceram atrocidades sobre os seus rivais. O acima referido monumento -o obelisco (ou cruzeiro) de Algalé- situa-se numa propriedade particular, num local de acesso reservado. O que dificulta, naturalmente, a visita de estudiosos e de simples curiosos. Para além de mencionar os nomes dos oficiais sacrificados, contém esta comovente inscrição : «Aqui, de tua pátria defensores tragaram do martírio inteira taça. Viandante leva as lágrimas e as flores. Lê só, dobra os joelhos, adora e passa».
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