quarta-feira, 27 de maio de 2015

CINE-SAUDOSISMO (14)

«A MULHER E O FANTOCHE» («La Femme et le Pantin») teve realização do cineasta francês Julien Duvivier e estreou em 1958. Brigitte Barbot (a vedeta da fita) estava, então, no auge da carreira e enchia o ecrã com a sua fulgurante e provocadora beleza. Os portugueses gostaram imenso desta fita por uma razão de peso : o galã foi o nosso António Vilar, um 'latin lover' que levava o seu machismo ao extremo de, na fita, esbofetear a celebérrima vénus parisiense. E isso encheu a malta de orgulho, pelo facto altamente demonstrativo de que 'cá com os machos da terra ninguém brinca'. Que importava, pois, que a história contada (aliás banalíssima) se desenrolasse em Espanha e que o supracitado 'partenaire' da Bardot encarnasse um 'hidalgo' andaluz ? O acesso às salas que por cá programaram «A MULHER E O FANTOCHE» foi proibido a menores de 18 anos, porque a nudez (na realidade uma meia nudez) não era coisa que o regime ditatorial tolerasse. Nem sequer nas praias, onde os cabos de mar multavam os homens sem camisolas interiores vestidas e as senhoras que se descuidavam com a estreiteza dos fatos de banho. Esta película impôs-se, pois e mais, pelo erotismo de certas sequências e pela irradiante beleza da 'star' contratada, do que propriamente pela qualidade intrínseca da obra. Houve aliás muitos críticos que, ao tempo, qualificaram este trabalho de Duvivier, como um filme algo «terno e aborrecido».

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