quinta-feira, 7 de maio de 2015

CINE-SAUDOSISMO (12)

«O PAGADOR DE PROMESSAS» é um filme brasileiro de Anselmo Duarte. Que, com a sua apresentação no Festival de Cannes de 1962, logrou alcançar a prestigiosa e ambicionada Palma de Ouro. Nesta sua película, Duarte -que é, também ele, o autor do guião- conta-nos a história de um sertanejo que, julgando-se beneficiado por um milagre de Santa Bárbara, fez a promessa de carregar uma pesada cruz até diante do altar de uma igreja baiana. Mas que, no fim da sua longa e dura jornada, vê fechar-se-lhes as portas do templo católico, pelo facto do dito compromisso com a santa ter sido tomado num terreiro de candomblé. Abordado pela imprensa sensacionalista  -que publica aquilo que ele não disse- o pobre do Zé do Burro acaba por ser vítima do ambiente festivo-contestatário que o envolve desde que chegou à cidade e acaba por morrer sob os tiros da polícia. «Forma poética de um libelo contra a intolerância e a incompreensão, num mundo onde o homem dificilmente consegue honrar a palavra dada», este filme marcou a temporada cinematográfica de 1962 e revelou, à Europa, um cinema brasileiro capaz de se exprimir livremente, recorrendo a temas autenticamente nacionais, tanto pelo fundo como pela forma. Com Leonardo Vilar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Othon Bastos e Norma Bengell. Com fotografia a preto e branco e com 98 minutos de duração. Infelizmente nunca pude ver este interessante filme numa sala de cinema; tendo, assim, de me contentar com o visionamento de um DVD adquirido em França.

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