quarta-feira, 26 de novembro de 2014

DAS VIRTUDES DO MARMELEIRO

Bonita, suave, inspiradora dos melhores sentimentos, a flor do marmeleiro nada tem a ver com a imagem projectada pelo pau da mesma árvore ('Cydonia oblonga'), que todos nós costumamos associar à chamada 'justiça de Chaves' e às violentas brigas dos trauliteiros de outros tempos. Árvore algo desprezada em Portugal (mercê dos seus frutos praticamente incomestíveis ao natural), o marmeleiro entrou, no entanto, nas boas graças das religiosas dos nossos mosteiros e conventos que, outrora, fabricaram, com os seus ásperos frutos, marmeladas excelentes. Receitas depois adoptadas pela generalidade das população rurais. Na minha aldeia, ainda há hoje muitas senhoras que, às marmeladas industriais, preferem aquelas que elas próprias fabricam em suas casas. E têm muita razão ! Pauliteiros de outras eras aplicando-se naquele (doloroso) jogo, a que alguns também chamaram esgrima nacional. Quando eu era miúdo, ainda assisti a alguns «jogos do pau». Que se praticavam, de preferência (e ao que me disseram), com bordões de marmeleiro, devido à sua elasticidade. Mas nesse tempo, tal jogo já era sujeito a regras e praticava-se sob a égide (e controlo) das federações da modalidade. Reconheço que era algo de espectacular e que exigia muita ligeireza e destreza por parte dos praticantes. Hoje, por cá, está quase extinto. Penso eu...

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