Vi jogar o Juca -'nome de guerra' do futebolista Júlio Cernadas Pereira- em várias ocasiões. No Barreiro, quase sempre, onde ele veio defrontar os clubes locais (Barreirense e CUF), no quadro dos campeonatos da 1ª Divisão e dos torneios da Taça de Portugal. Lembro-me, apesar da minha pouca idade, dele ser um jogador com presença, seguro e que dominava o esférico com elegância. Com a elegância que lhe conferia aquele bigodinho que ele usava à maneira das 'stars' da Hollywood da Época de Ouro do cinema americano. Juca nasceu em Lourenço Marques, na então colónia de Moçambique, que foi o alfobre de grandes nomes do futebol português. Ali jogou no Sporting dessa cidade da África Oriental (hoje chamada Maputo), antes de se transferir para o clube lisboeta homónimo. Aqui, no Sporting, começou a alinhar (no então chamado 'primeiro time') na época de 1949-1950. E nele se manteve, como jogador de meio campo, para grande benefício dos leões, até 1957-1958. Era exímio no jogo aéreo, facto que lhe valeu a alcunha de 'Cabecinha de Ouro'. Durante esse período em que fez parte da elite do futebol português, Juca participou em 178 jogos oficiais pela sua equipa, venceu 5 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal e marcou 10 golos. E integrou as fileiras da nossa selecção A por 6 vezes. Acabado o seu tempo de futebolista (prematuramente e por causa de uma grave lesão num joelho), o Juca não abandonou os relvados, abraçando a profissão de treinador. Até que a idade fez dele aquilo que faz a todas as outras estrelas do futebol : reformou-o. Este simpático jogador faleceu no dia 11 de Outubro de 2007, com 78 anos de idade; e deixou muitas saudades não só na 'aficción' sportinguista, mas também no coração de todos os portugueses que gostam verdadeiramente do 'desporto-rei' e que tiveram a sorte de o ver jogar.
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