terça-feira, 23 de agosto de 2016
RELÍQUIAS DO CINEMA NACIONAL
Já lá vão tantos anos, que não me lembro quando vi o filme «CAMÕES - ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE» de Leitão de Barros (1946) pela última vez. Mas, de qualquer modo, foi na RTP há pelo menos cinco décadas. Também não recordo qual foi a minha reacção de jovem cinéfilo perante este clássico do nosso cinema... Revi-o ontem, graças a um DVD comprado (numa das lojas FNAC de Lisboa) por uns míseros 5 euros. Fiquei agradavelmente surpreendido com a qualidade real e incontestável dessa película (que visionei com muito gosto) produzida por António Lopes Ribeiro e protagonizada (nos principais papéis) por António Vilar, José Amaro, Igrejas Caeiro, Paiva Raposo, Eunice Muñoz, Carmen Dolores, João Villaret, Vasco Santana e Assis Pacheco. «CAMÕES» conta-nos a vida aventurosa e errante dessa grande figura das nossas letras e os amores vividos ou recalcados do poeta. Desde os tempos da sua mocidade, em Coimbra, até à sua morte, que coincidiu -como é sabido- com a perda da independência de Portugal a favor dos Filipes. Esta evocação (romanceada, é certo) passa, naturalmente, pela corte (onde o vate só teve dissabores) e pelos seus desterros ultramarinos, onde ele recolheu -certamente- matéria para produzir um dos mais importantes e mais belos poemas épicos jamais escritos : «Os Lusíadas». Aplaudida e premiada no nosso país, esta película foi apresentada no 1º Festival de Cannes em versão original integral. E agora ponho-me a pensar : com o dinheiro e os meios técnicos de que já, nessa época, dispunham os senhores de Hollywood, que monumental filme não teria sido feito com esta matéria. Talvez um dia...
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