Apesar de ter feito buscas no sentido de apurar se esta película foi, ou não, exibida em Portugal, não cheguei a um resultado satisfatório. Assim, na dúvida, vou servir-me do título original deste magnífico filme, que, eu próprio, só descobri na segunda metade dos anos 60 (do passado século, obviamente), graças a uma programação da TV francesa. Filme que voltei a ver, com redobrado prazer, já na era dos vídeos caseiros.
«LE SILENCE DE LA MER» é um filme francês, realizado em 1947 por Jean-Pierre Melville. É uma adaptação cinematográfica da comovente novela homónima de Vercors, nome de guerra de Jean Brulier, resistente e escritor sobejamente conhecido. Duma tristeza infinita, esta obra -levada aos ecrãs com grande sensibilidade e rigor- espelha o estado de espírito de uma família gaulesa perante a ocupação do seu país pelas hordas nazis. Um tio e uma sobrinha, que vivem retirados numa cidadezinha de província, são forçados a dar alojamento, em sua casa, a um oficial do exército alemão. E vão resistir à sua maneira, fechando-se num mutismo hermético, perante as repetidas tentativas do hóspede (que apesar de envergar uma farda odiada, é um homem civilizado, compreensivo e imbuído de cultura francesa) para estabelecer o diálogo. Filme intimista, atípico na obra do seu realizador -que também o produziu- «LE SILENCE DE LA MER» é uma fita marcante do cinema francês do imediato pós-guerra e a nenhuma outra igual. Filme que se tornou uma bandeira da resistência, não-activa, de muitos milhares de gauleses à ocupação do seu país pelos exércitos de Hitler. O livro que o inspirou já fora um excepcional êxito de vendas e o filme que dele resultou veio confirmar o interesse por uma história que respeita a atmosfera de um tempo (a acção começa em 1941) carregado de ameaças e de indefinições para a Europa e para a liberdade dos povos. Esta película tem fotografia a preto e branco e uma duração de 88 minutos. Os três principais papéis foram interpretados por Howard Vernon, Jean-Marie Robain e Nicole Stéphane.
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