domingo, 29 de junho de 2014
GUERRA JUNQUEIRO VS. D. CARLOS I
Nos derradeiros anos do seu reinado, D. Carlos I foi muito contestado. Nomeadamente pelos militantes e simpatizantes do movimento republicano, apostados em substituir a monarquia por um regime presidencial; no qual os Portugueses pudessem escolher, livremente, a primeira figura da nação. Um presidente que seria substituível pela vontade popular, através de eleições cíclicas e democráticas. Nesse período histórico que precedeu o regicídio, figuras gradas da sociedade lusa, principalmente intelectuais, levantaram a sua voz para criticar duramente o rei e as políticas conduzidas pelos seus ministros. Críticas essas, que nem sempre primavam pela elegância das palavras. Estou-me a lembrar, por exemplo, de um caso protagonizado pelo poeta Abílio Guerra Junqueiro, ocorrido em 1907, que o levou à barra do tribunal. Instituição que acabou por condenar o autor de «A Velhice do Padre Eterno» a 50 dias de prisão, por injúrias dirigidas a Sua Majestade. O pomo da questão foi uma crónica publicada no jornal «A Voz Pública, da qual deixo aqui um excerto, que dizia isto : «Nós somos escravos de um tirano de engorda e vista baixa. É inaudito que o ventre de um porco esmague uma nação e que dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas. Que ignomínia. Basta !». O mínimo que se pode dizer disto, é que o poeta (que só viria a falecer em 1923) não era homem de meios termos...
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