quarta-feira, 11 de junho de 2014
D. SEBASTIÃO, O DESEJADO ?!!!
Confesso nunca ter entendido a popularidade de que, ainda hoje, goza el-rei D. Sebastião. Aquele monarca da segunda metade do século XVI, que, por ser irresponsável e por ter a mania das grandezas, afundou este país; e que, após o vexame de Alcácer Quibir, 'entregou' o reino, numa bandeja de ouro e de sangue, a Filipe II de Espanha. Não ! Definitivamente não gosto deste rapazola, que nunca escutou os avisados conselhos dos sábios e arrastou a fina flor da fidalguia portuguesa (assim como o grosso das suas hostes, que eram constituídas por gente do povo) para os areais de Marrocos, onde morreram ingloriamente. E estupidadamente, por terem seguido cegamente o detentor do poder absoluto, que era (nesse tempo) o apanágio dos reis. Natural de Lisboa, onde nasceu a 20 de Janeiro de 1554, D. Sebastião era filho do malogrado príncipe D. João (herdeiro do rei Piedoso) e de D. Joana de Áustria, filha de Carlos V. D. Sebastião nunca conheceu o seu progenitor (falecido 18 dias antes do seu nascimento), nem, tampouco, sua mãe; que, por ordens do imperador seu pai, regressou a Espanha (ainda nesse ano de 1554) para nunca mais ver o filho. D. Sebastião era (ao que escreveram os cronistas) um jovem de saúde periclitante e impregnado de doentias paixões guerreiro-religiosas. Viveu a sua curta vida atormentado pelo sonho anacrónico de conquistar as terras do Islão, inclusivamente a Palestina, onde vivera e morrera Nosso Senhor Jesus Cristo. E, para combater os 'infiéis', desbaratou dinheiro (muito dele emprestado), arruinando os cofres da nação. Chegado a Marrocos, confrontou o seu exército (mal preparado e mal equipado) com uma força que lhe era muito superior em número e que o derrotou, sem remissão, numa batalha cruel, travada no dia 4 de Agosto de 1578. A sua morte no campo de batalha e o desaparecimento de toda uma elite que o seguiu no seu trágico destino, arruinou Portugal durante muitas décadas. Sim, o jovem rei D. Sebastião foi -apesar da sua linhagem e da educação que recebeu- um incapaz; que sobrepôs uma quimera pessoal ao interesse da nação e do povo que ele tinha a obrigação moral de bem governar e de defender. Quanto a mim, D. Sebastião foi um dos piores monarcas (senão o pior) de toda a História de Portugal. Um tresloucado, que não merecia ter cingido a coroa do reino fundado, a golpes de montante, por D. Afonso Henriques, que foi, esse, um autêntico soberano; que, talvez, este pobre e extemporâneo cruzado tenha querido eclipsar nos seus feitos... O retrato que ilustra este texto é o mais conhecido de D. Sebastião. Foi pintado por Cristóvão de Morais (um artista que viveu 20 anos na corte portuguesa) por volta de 1571. Este retrato do rei, representado «com uma expressão fria e desafiante, condizente com a sua personalidade» constitui, segundo Vítor Serrão, «um dos marcos mais transcendentes da nossa cultura maneirista». Esta obra pictórica pertence ao espólio do Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa.
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