terça-feira, 10 de janeiro de 2017

SAUDADES DE DIEPPE

Dieppe -no litoral norte da Normandia- é uma das cidades de França que guardo no coração. E da qual tenho muitas saudades... Sobretudo da festiva animação das suas ruas em domingos cálidos de Verão. Das esplanadas dos seus cafés, onde é agradável tomar uma bebida ouvindo a característica e estridente gritaria das gaivotas, que sobrevoam tão descontraidamente a Grand' Rue ou a praça 'du Puit Salé', como as águas do mar da Mancha. Que se estende a escassas dezenas de metros dali e em cuja praia de polidos seixos se esbate uma multidão de banhistas, vindos, maioritariamente, das cidades (e respectivas áreas urbanas) de Ruão e de Paris. De Dieppe, também tenho saudades do vasto tapete de relva, destinado ao convívio e às brincadeiras dos visitantes, ou à evolução dos amadores de papagaios de papel, que, em momentos precisos do ano, ali acodem aos milhares, vindos de toda a Europa (mas não só), com as suas coloridas, rápidas, ágeis e vistosas construções. Tenho saudado do seu imponente castelo-museu e das suas impressionantes colecções de obras de arte, nomeadamente da secção dita 'dos marfins', que encerra tesouros incomparáveis, realizados com defesas de elefante. Tenho saudades de degustar -num bom restaurante da cidade- uma 'marmite dieppoise', delicioso e emblemático prato local, confeccionado com peixes finos (tamboril, linguado, rodovalho), com mexilhões, com legumes e vegetais (cebolinhas, cogumelos, alho francês, aipo, ervas aromáticas, louro), com manteiga e natas, com cidra ou com vinho branco, etc. Prato nobre (e relativamente caro, refira-se), que é, no entanto, uma 'coisa do outro mundo', que ninguém de visita à cidade pode dispensar. Mas tenho, igualmente, saudades de me abancar numa velha tasca (se ainda ali as houver), para me deliciar com um 'poulet de Dieppe', que é, na realidade, um arenque fumado e grelhado, que se acompanha preferencialmente com um jarro de cidra local, de Longueville-sur-Scie, por exemplo.  Tenho saudades de Dieppe, onde trabalhei por várias vezes, durante uns 2 anos. Mas dessa experiência, feita de sacrifícios físicos, com frios e chuvadas invernais fortes e desagradáveis, confesso não sentir a mesma nostalgia...

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