Este pesado e austero veículo é o Mercedes-Benz 770 'Grosser' de 1938. Pertenceu a um lote de automóveis blindados e de grande luxo, concebido pela prestigiosa marca alemã para uso de chefes de estado e de governo. Estava (está) equipado com um motor de 8 cilindros em linha (7,7 litros de capacidade), desenvolvendo 150 cv. Dois destes carros vieram para Portugal, para serviço exclusivo da Presidência da República e da Presidência do Conselho de Ministros, sendo registados em Lisboa, em nome da PVDE, a antecessora da PIDE. Parece que Salazar nunca gostou do carro (talvez pelo facto do dito ter sido adquirido sem o seu prévio conhecimento) e recusou usá-lo. Na realidade, o político de Santa Comba só o utilizou uma vez. Foi em 1949, aquando da visita oficial ao nosso país do generalíssimo Franco, o outro ditador ibérico. Assim, e com apenas 6 000 quilómetros andados, este veículo foi vendido em hasta pública (na década de 50) pela Direcção Geral da Fazenda. Quem o arrematou -por 6 contos de réis- foi um sucateiro de Lisboa. Que, por sua vez e pouco tempo depois, o cedeu aos Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais, que conceberam o projecto de o transformar em ambulância. Ideia que nunca foi consumada, pelo facto do preço dessa conversão se revelar caríssima. Finalmente, em 1956, o chamado 'Mercedes de Salazar' foi (em boa hora) adquirido pelo Museu do Caramulo, onde é uma das 'vedetas' do seu valioso acervo. Esta instituição mantém, desde então, o veículo em perfeito estado de conservação e em impecável estado de marcha.
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