Os arqueiros ingleses foram -durante toda a Idade Média- uma temida tropa de elite; embora esses frecheiros fossem, como é sabido, recrutados no povo e não na nobreza, na classe dominante. É impressionante o número de batalhas que eles ajudaram a ganhar aos exércitos que utilizaram os seus préstimos, tanto em solo britânico como em terra estrangeira. Dois dos mais emblemáticos desses embates medievais em que a sua acção se tornou preponderante, foram, com toda a certeza, Aljubarrota (Portugal, 14 de Agosto de 1385) e Azincourt (França, 15 de Outubro de 1415). Na primeira dessas batalhas, as hostes do Mestre de Avis contaram -no dizer do cronista Fernão Lopes- com 800 arqueiros (e besteiros), dos quais uns 200 eram britânicos. Foram eles que ajudaram a travar o ímpeto da cavalaria pesada de João de Castela e, com isso, quebrar o ânimo de um exército muito superior em número. Em Azincourt (confronto ocorrido no âmbito da Guerra dos Cem Anos), num campo de batalha transformado -pelas chuvas- num autêntico atoleiro, também foi, em grande parte, graças aos arqueiros que o exército de Henrique V de Inglaterra (15 000 homens) puderam vencer os cerca de 50 000 franceses que participaram nos combates. Diz-se que a fina flor da cavalaria francesa, incapacitada de manobrar no lodaçal, foi um alvo demasiado fácil para as flechas inglesas e galesas desferidas por gente hábil no manuseamento do famoso e temeroso 'longbow'. Nesta terrífica batalha, travada no actual Pas de Calais, calcula-se que tenham perecido entre 6 000 e 10 000 franceses (as fontes divergem imenso), entre os quais se contaram 1 500 cavaleiros. Quanto às baixas britânicas, foram cifradas em 1 600 mortos. Curiosidade : diz a tradição que, fiando-se na sua evidente superioridade numérica, os franceses ameaçaram os frecheiros inimigos de lhes cortar -depois da sua esperada vitória- o dedo maior. Dedo que lhes era indispensável para armar o arco. E que, depois do surpreendente triunfo do exército de Henrique V, os arqueiros ingleses mostraram aos seus prisioneiros -ostensivamente e por pirraça- a mão fechada com o dedo médio esticado. Dessa atitude, terá derivado um conhecido gesto obsceno, cujo uso de mundializou.
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