quarta-feira, 14 de agosto de 2013
O 'VÍCIO' DO APERITIVO
/////// Um dos 'vícios' que eu trouxe de França, país onde passei muitos anos da minha vida, foi o de tomar -com alguma assiduidade- o aperitivo. Que, na velha Gália, é, na realidade, um momento de descontração passado com familiares e amigos e que vale, no meu caso, mais pelo momento de franco convívio do que propriamente pelo que se bebe (e come) durante essa meia hora que precede as refeições. Confesso que nos dias de hoje aboli, praticamente, essa prática dos meus hábitos, devido à quase obrigatoriedade de beber álcool. O que, na minha idade (quase 70 anos !), está, por óbvias razões, fora de questão. Ontem foi, no entanto, dia sim. Mas limitei-me a beber dois (ou três ?) copos de sangria, enquanto esperava que a minha mulher e uma das minhas filhas (de visita a Portugal) dessem os últimos retoques à excelente 'paella' com a qual nos deveríamos deliciar pouco depois. Para acompanhar as bebidas aperitivas (pastis, vermutes, portos, champanhes, uísques, cocktails, cervejas, etc) é hábito dos franceses (e de quem lhes adoptou os costumes) servir, além dos rituais frutos secos (amendoins, cajus, amêndoas, etc), uns pratos com acepipes variados, aos quais eles chamam 'amuse gueules'. Eu adoro-os, porque, para além de serem a revelação do bom gosto de quem convida, também são, geralmente, uma boa e saborosa introdução ao almoço ou ao jantar que se avizinha. O aperitivo faz parte da arte de viver das gentes do hexágono. Faz parte de uma tradição de 'farniente' que é a recompensa de dias consagrados ao trabalho e uma deriva momentânea às preocupações da vida. Por essa razão, penso eu, também será uma boa terapêutica.
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