quarta-feira, 28 de agosto de 2013

VENTOS DE GUERRA...

Ventos de guerra (ainda mais quentes do que aqueles que já causaram milhares de mortos na Síria) sopram, de novo, sobre o Mediterrâneo oriental. Onde, ao que dizem os meios de comunicação social, os Estados Unidos e alguns dos seus seguidores da NATO se preparam para dar cabo do que resta do antigo país dos Omíadas. As potências ocidentais vão, assim, castigar ainda mais uma terra devastada e um povo dizimado por uma guerra atroz, na qual eu não consigo distinguir lá muito bem quem são os bons e quem são os maus. Nem tenho certezas (ninguém as tem, aliás) sobre qual das partes em conflito terá usado gazes de combate (sarin e mostarda) para aniquilar inocentes habitantes de uma das cidades em disputa pelo governo de Bachar Al-Assad e pela guerrilha. Uma guerrilha de contornos indefinidos, na qual se cruzam verdadeiros resistentes ao regime ditatorial de Damasco e uma turba de fanáticos islamistas; que, por tradição, também são inimigos encarniçados daqueles que agora se preparam para lhes garantir a vitória e entregar-lhes o poder de mão beijada. Como já fizeram na Líbia... Mas, a verdade é que, para o governo dos Estados Unidos, qualquer pretexto serve para agradar aos 'lobies' armamentistas; que, enquanto a nação americana empobrece e perde prestígio internacional, vão enchendo os bolsos com o fornecimento de material bélico ao poderoso exército ianque. É curioso que o presidente Obama (que traiu todas as esperanças que nele depositaram milhões de democratas americanos e do mundo inteiro) tome como pretexto para agir o uso de gazes neste conflito. Quando foi o seu país quem forneceu ao Iraque de Saddam Hussein (aqui há uns anos atrás), os fluídos mortais (e proibidos) que dizimaram milhares de persas e de curdos (militares e civis), aquando da guerra entre o Iraque e o Irão. Por outro lado, acho que é, caso o ataque contra a Síria se concretize (agressão que, diga-se de passagem, não terá o aval da O.N.U.), uma curiosa maneira para os 'states' de comemorar o 68º aniversário do bombardeamento atómico de Hiroxima e de Nagasáqui, cidades japonesas onde pereceram centenas de milhar de pessoas. Notícias recentes -publicadas nos jornais e televisões do mundo inteiro- dizem-nos que, nos E.U.A., se estão a suicidar, diariamente, 22 antigos combatentes dos conflitos do Afeganistão e do Iraque. Atoleiros onde as tropas norte-americanas ainda estão atascadas. É tempo para que as famílias americanas digam ao seu governo para acabar com a sangria e para que não faça da guerra uma maneira de estar no mundo e de ficar na História. Porque isso é péssimo, porque isso é indigno da mais poderosa nação do planeta ! A nação que todos nós queremos admirar pelas melhores razões. Mais uma coisa, a tal 'linha vermelha' que os Estados Unidos não querem que os seus adversários transponham, sob pena de sofreram represálias, faz-me lembrar outras dessas 'linhas' : o pretenso ataque contra navios norte-americanos no golfo de Tonquim (em 1964), que serviu de pretexto ao desencadeamento da guerra contra o Vietnam do Norte. Mais tarde, soube-se que esse ataque nunca existiu, que foi uma pura invenção dos serviços secretos, para dar um pretexto ao presidente Johnson de intervir num conflito que os E.U.A, acabaram por perder. Toda a gente se lembra, ainda, de outra 'linha vermelha', a referente ao caso das armas de destruição maciça de Saddam. Armas que nunca existiram (conforme confessaram mais tarde os próprios interessados, como o general Colin Powell), mas que serviram de desculpa para Bush intervir no Iraque e arruinar completamente esse país do Golfo. Esperemos que os gazes da Síria não tenham sido utilizados pelos potenciais aliados árabes dos E.U.A., para acelerar o desencadeamento de mais uma intervenção norte-americana. Intervenção que ninguém sabe que consequências terá na instável e complexa política do Próximo-Oriente.

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