Faleceu ontem, inesperadamente, apesar dos seus 106 anos de idade (!), Manoel de Oliveira. Que era o decano dos cineastas e um dos nomes mais representativos da cultura portuguesa no estrangeiro. Incompreendido -sobretudo no seu próprio país- pelo facto de ter dado à sua obra um cariz muito pessoal e, quiçá, inacessível às massas que veem cinema, Oliveira é, no entanto, reconhecido internacionalmente como um dos mestres da 7ª Arte. Dirigiu grandes vedetas internacionais, tais como John Malcovitch, Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni ou Claudia Cardinale, o que não foi dado a qualquer um... No que me respeita -eu que sou um cinéfilo comum, primário- confesso que a obra do desaparecido me perturba. Talvez por comodismo, por me ter deparado com um cinema diferente daquele que me habituei a ver. Um cinema que exige, indubitavelmente, um maior esforço intelectual para ser interiorizado, para ser assimilado. De qualquer modo, sempre respeitei o homem e o profissional apaixonado e esforçado que agora nos deixou. E é minha intenção -para homenagear esta incontestável figura de artista- rever, proximamente, alguns dos seus filmes; filmes cujas cópias eu guardo preciosamente na minha videoteca. Penso ser essa, aliás, a melhor maneira de honrar a memória de um homem singular, cuja vida principiou nos tempos da monarquia, atravessou a 1ª República, a ditadura salazarista e o triunfo da revolução do 25 de Abril, para terminar -já na segunda década do século XXI- no Portugal decadente, submetido ao poder da finança internacional e sem alma que hoje conhecemos. Adeus senhor Manoel de Oliveira. Até sempre.
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