Diz uma lenda, de notória inspiração popular, que Gonçalo Mendes da Maia morreu no campo de batalha em 1170, no dia em que perfez 91 anos de idade. Eu tenho grande dificuldade em acreditar em tal sucesso. Até porque a minha mãe -que tem essa provecta idade e que se alimenta bem, com sumos naturais de fruta e iogurtes, entre outras coisas boas e fortificantes que o nosso herói nunca consumiu- já não pode com um tacho vazio... Portanto, vejo mal este insigne e nonagenário cavaleiro medieval erguer, com essa idade, um dos pesados montantes dessas recuadas épocas e com ele andar a espadeirar infiéis. A verdade, contudo, é que esse autêntico senhor da guerra, amigo de Afonso Henriques, foi um dos grandes guerreiros portugueses da Idade Média. E que não tem necessidade que dele se contem historietas, para que se reconheçam os seus reais méritos e a sua glória. Gonçalo Mendes da Maia nasceu em Trastamires (a actual cidade da Maia, às portas do Porto) em 1079 e foi um dos companheiros de armas do nosso primeiro rei; que ele auxiliou no alargamento do território nacional, num tempo em que os muçulmanos ainda dominavam uma parte consistente da Península Ibérica. A sua bravura e galhardia nos campos de batalha valeram-lhe o mui merecido cognome de O Lidador; que, no seu tempo, era sinónimo de esforçado, de campeador. Aqui fica a lembrança deste herói português, que, infelizmente, a juventude lusa desconhece...
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