quarta-feira, 15 de outubro de 2014
ASSIM VAI O MUNDO...
As capas dos jornais de hoje encheram-se com a notícia (e fotografias) da vitória da nossa selecção A de futebol no jogo contra a Dinamarca. E, praticamente, desprezaram a 'performance' dos jovens da formação sub-21, que ontem terminaram a primeira ronda de acesso ao Campeonato da Europa só com triunfos. É compreensível a atitude da imprensa ? Não sei. Só sei é que segui o desenrolar dos dois 'matchs' de ontem e que gostei muito mais de ver aquele em que os 'subs' - num jogo exaltante contra a equipa homóloga dos Países-Baixos- me reconciliaram (uma vez mais) com o espectáculo futebolístico. Foi, na verdade, um gozo assistir a um desafio -com 9 golos- durante o qual houve entrega total dos atletas portugueses, houve técnica, houve ganas de superação, houve mais futebol. Quanto à atitude das 'stars' da selecção A, foi a habitual. Esta praticou, quase sempre, um futebol sem brilho, morno e desinteressante. Apesar da vitória obtida nos últimos segundos, digo-o com toda a sinceridade : há que reconhecer que o adversário não merecia perder o jogo. Não tanto pelo que fez entre as quatro linhas, mas pelo que Portugal não fez... ///////////// Sou, francamente, contra as praxes. Aqui há dias, numa cidade da minha região, assisti involuntariamente (enquanto almoçava num restaurante vizinho) a um cerimonial do género, no qual os caloiros eram mergulhados nas águas sujas e frias de um lago de jardim, perante o regozijo do presumível 'dux' e de uma forte matilha de estudantes veteranos. E achei aquilo degradante e sem pés nem cabeça. É verdade que tudo aquilo se desenrolou sem a violência extrema que tem causado os dramas e os traumas de casos recentemente ocorridos; mas, ainda assim, aviltantes a meu ver. Não vejo como é que 'cerimónias' desta natureza podem contribuir para a integração dos jovens nas comunidades estudantis. Francamente, não percebo. Ainda a propósito das famigeradas praxes, li -num dos jornais do dia- que as autoridades municipais e a população de Coimbra apreendem as que, na cidade, se vão desenrolar brevemente. É que, em 2013, durante as 'brincadeiras' de gente já com idade de ter juízo, mais de 200 carrinhos de compras (abusivamente retirados dos parques de supermercados) foram atirados às águas do Mondego. Assim, só para gáudio dos senhores e das meninas da capa e batina. E sabem quem paga a factura desta imbecilidade ? Acertaram. Somos nós os contribuintes deste país. ///////////// A Ébola, febre hemorrágica de consequências fatais e que vitimou mais de 4 000 infectados na África ocidental, também já matou na Europa e nos Estados Unidos. Enquanto, todos os dias, morria gente às centenas na Serra Leoa, na Libéria ou na Guiné Conacri, tudo bem. Os estados 'civilizados' não se preocuparam muito com o problema. Que, de toda evidência, não era nosso. Agora, perante a ameaça de propagação da terrível doença pelo 'nosso mundo', parece soprar -por cá- um vento de pânico. Segundo os jornais, os laboratórios de vários países desenvolvidos estão a fazer estudos que conduzirão à elaboração de vacinas capazes de lutar eficazmente contra o flagelo. Vacinas que estarão prontas a ser utilizadas daqui a 6 meses !!! Mas, porque inconfessável razão só agora se tomou essa decisão ? Quando a Ébola já havia matado, em anos passados, centenas de africanos... Faço votos para que o egoísmo e o cinismo reinantes (subordinados ao poder do dinheiro) não conduzam a Humanidade a uma catástrofe sanitária de dimensão planetária. Com as trágicas consequências que se adivinham.
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