quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
NOS TEMPOS HERÓICOS DO COMBOIO A VAPOR
Ainda me lembro do tempo das minhas primeiras viagens de comboio... Em que estes -puxados por fumarentas locomotivas a vapor- levavam uma eternidade a chegar ao seu destino. Recordo-me de viagens feitas entre Lisboa e o Alto Alentejo (aqui com circulação feita no extinto e saudoso ramal de Cáceres), que demoravam uma boa meia dúzia de horas. Isso, quando a 'cafeteira' da CP não avariava e tudo decorria normalmente, pachorrentamente. Porque, quando tal acontecia (a temida avaria), não se sabia ao certo qual o tempo necessário para resolver o problema. Tenho ideia de que alguns desses 'inconvenientes' podiam levar muito tempo, pois era necessário esperar pela intervenção de uma equipa de mecânicos vindos das oficinas do Entroncamento. E de ver os passageiros do comboio sair do dito, com cabazes de vitualhas, e piquenicar à beira da linha. E de se precipitar para as carruagens, quando a reparação da locomotiva terminava e esta silvava, aflitivamente, para recuperar todos os passageiros da composição. Tenho saudades da passagem por certas estações do trajecto e da compra de água fresca... em pequenas bilhas de barro. E até, imaginem, de situações caricatas como aquelas em que, já não havendo lugar nas carruagens, algunss passageiros de viam obrigados a viajar nos 'jotas' (vagãos de mercadorias) à mistura com bagagens diversas; que podiam ser banais sacas de batatas ou barulhentas capoeiras com os respectivos galináceos dentro. Enfim, uma epopeia, que, para o menino que eu era, tinha o sabor da aventura...
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