domingo, 8 de fevereiro de 2015
CINE-SAUDOSISMO (7)
«DEUS PRECISA DE HOMENS» («Dieu a Besoin des Hommes») é um filme de Jean Delannoy, cujo guião se inspirou nas páginas do mais famoso romance de Henri Quéffelec : «Un Recteur de l'Île de Sein». A acção decorre em meados do século XIX no seio de uma comunidade de ilhéus, que necessita da religião como do pão para a boca e que, todavia, se vê abandonada pelo seu cura. Comunidade que, na ausência de padre, vai designar, desde logo, como seu guia espiritual, o pescador e sacristão Thomas Gourvennec. Um homem que, embora dando razão ao sacerdote prófugo -que abandonara o seu rebanho às tentações do demo, pelo facto de alguns deles se entregarem à pecaminosa pilhagem de embarcações, cujo naufrágio eles próprios provocam- acha que sem o socorro divino não há salvação possível. O sacristão passa, assim, a celebrar a missa, a ouvir as confissões dos seus conterrâneos e a usar das prerrogativas de um verdadeiro pároco. Até que, no continente, as autoridades religiosas se alarmam com essas práticas, que elas consideram sacrílegas. Esta obra-prima da cinematografia francesa foi, ao que parece, rodada durante os anos da ocupação alemã; mas só foi estreada -por razões que se entendem- em 1949/1950. Servida por excelentes actores (Pierre Fresnay, Madeleine Robinson, Daniel Gélin, Andrée Clément, Daniel Ivernel, Sylvie, Jean-Pierre Mocky, etc), distingue-se, igualmente, por uma soberba fotografia a preto e branco assinada por Robert Le Febvre. Fita humanista, «DIEU A BESOIN DES HOMMES» foi premiada em França e no estrangeiro (nomeadamente em Veneza) com prestigiosos prémios. Eu tenho uma fraca cópia videográfica desta película, proveniente de uma gravação da TV gaulesa; e, como inúmeros cinéfilos, aguardo a edição de um DVD com cópia restaurada desta pérola.
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