Diante da majestática cidade de Coimbra, navegando nas águas plácidas do Mondego, podemos ver a silhueta esguia de uma barca serrana. Este tipo de embarcação constituiu, outrora, o meio mais eficaz para transportar passageiros e mercadorias entre Penacova e o curso inferior do já referido rio; até Coimbra e, se necessário, até à Figueira da Foz. A barca serrana -cujo desenho se diz ter sido inspirado no de uma sua antiquíssima congénere mesopotâmica- tinha casco de fundo chato e podia medir até 22 metros de comprimento por 2,40 metros de boca. As suas extremidades eram 'em bico' e a sua propulsão era assegurada por uma pequena vela de lona, que vestia um mastro culminando a 8 metros da linha de água. Na falta de vento, eram utilizados remos, varas e cordas. Estas últimas na navegação à sirga, que consistia em puxar o barco, a pulso, de uma das margens, com o auxílio dos referidos cabos de cânhamo. Esta embarcação representou um papel importante na economia de toda a região coimbrã, transportando do interior para a cidade estudantil mercadorias tão diversas como combustível (lenha, carquejas, ramalhos) para os fornos das padarias locais, mas também milho, azeite, carvão, cal, telhas, etc. Na viagem de retorno -a mais difícil, porque se fazia a contracorrente- as serranas levavam arroz, sal, peixe e loiças. Acessoriamente, também transportavam passageiros. A equipagem de uma barca serrana era constituída, geralmente, por 6 homens (que se ocupavam da navegação e da distribuição, em terra, da mercadoria) e por várias mulheres, que lhes preparavam as refeições e que cumpriam, a bordo, outras tarefas de menor exigência. As barcas deste tipo desapareceram com o assoreamento do rio e com a realização de vias rodoviárias modernas. Perduram, todavia, algumas delas, graças ao empenhamento de instituições e de alguns particulares desejosos de conservar o património regional. No Museu de Marinha, em Lisboa, também está exposto um exemplar deste rudimentar barco de trabalho.
Esta bela fotografia está repertoriada na Internet, em vários blogues. Como desconheço o nome do seu autor, não posso citá-lo. Mas, desde já, lhe fico grato por este 'empréstimo'; que, naturalmente, não me trás outros benefícios senão o prazer de o publicar e de, assim, promover o património da nossa terra.
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