sexta-feira, 25 de março de 2016

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS


DA NOSSA PRÓPRIA NOITE SE LEVANTA

Da nossa própria noite se levanta
aquela imóvel espécie de negrura
onde tudo é possível – as galáxias,
ou pulsar nulo de galáxia alguma.
E até a expansão, a criar alta
Invisibilidade. Mas que suga,
quando o assunto for mais denso, a graça
de um maior brio de altura.
E a outra noite pela nossa canta,
não luzes de prestígio, a só penúria
que, quase instrumental, se exerce. Instaura
um dentro fora de dimensão alguma.
E é de aí que a noite se levanta
e o mundo da insistência continua.

** Fernando Echevarría, poeta português, in «Geórgicas». Nasceu em 1929 na Cantábria, filho de pai português e de mãe espanhola. Veio para Portugal com 2 anos de idade e por cá fez os seus primeiros estudos; que prosseguiu em Espanha. Esteve exilado (por motivos políticos) em Paris e em Argel. Apesar de ser fluente em vários idiomas latinos, o essencial da sua obra está escrito em língua portuguesa. Foram-lhe atribuídas, entre outras prestigiosas distinções, o Prémio D. Dinis e o Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen **

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