sábado, 20 de maio de 2017
LEMBRANDO ANTÓNIO MARIA CARDOSO E REABILITANDO O SEU NOME
A figura de António Maria Cardoso -personagem que a maioria dos portugueses não sabe quem é- ficou injustamente associada ao regime do Estado Novo; que, numa rua com o seu nome, instalou a sede da sinistra PIDE/DGS(*). Por onde passaram e foram torturadas, pelos esbirros de Salazar, muitas centenas de adversários da ditadura. António Maria Cardoso (1849-1900) nada teve, no entanto, obviamente, a ver com os políticos do golpe de 28 de Maio e é necessário, pois, repor a verdade sobre esse notável africanista e distinto oficial da marinha real (onde atingiu a patente de capitão-de-fragata), que se notabilizou -ainda no século XIX- por ter realizado duas expedições ao coração de África : a primeira delas foi cumprida em 1882 na companhia de outro grande explorador, João de Azevedo Coutinho e o seu relato e conclusões foram publicadas pela Sociedade de Geografia de Lisboa. A segunda viagem pelos sertões, então desconhecidos do continente negro, «ao Niassa e ao Mataca», teve o seu desfecho em 1889 e também teve assinaláveis repercussões. António Maria Cardoso, um lisboeta, faleceu na sua cidade natal em 17 de Novembro de 1900, depois de ter sido deputado da nação. Tinha 51 anos de idade; e merece mais do que a associação que hoje se faz do seu nome com a odiada polícia secreta do regime derrubado em 25 de Abril de 1974.
(*) A PIDE foi transferida em 1954 para a rua António Maria Cardoso, depois de ter passado pela rua Serpa Pinto e pelo largo da Trindade. Na sua derradeira morada lisboeta, essa instituição criminosa reuniu mais de 3 milhões de fichas de cidadãos, nas quais constavam dados de vária ordem sobre os portugueses a vigiar de perto pela sua hostilidade à ditadura...
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